terça-feira, 12 de abril de 2011

Capítulo 6 - Deves sofrer com eles !

"Beatriz"
 Depois de termos chegado à discoteca, a Daniela chamou-nos para dançar, mas eu não quis ir. A verdade é que dançar não era uma coisa que eu fazia muito bem. Então ela e o Ruben foram para a pista de dança e eu fiquei a ver e a rir-me das figuras deles. Ma não pude deixar de reparar a maneira como o Ruben estava a olhar para ela. Posso não o conhecer há muito tempo mas até um cego conseguia perceber que o que ele sentia pela a Daniela era mais do que amizade. Continuei a rir-me deles os dois, até que assusto-me com uma voz que parecia-me familiar, atrás de mim.
- 'Tá rindo do quê?
Virei-me num impulso e as minhas suspeitas confirmaram-se, era o David.
- Ai, assustaste-me. - disse um pouco atordoada pois não estava à espera dele naquele momento.
- Desculpa, não era a minha intenção.
- Não faz mal.
- Mas de quê que você tava rindo?
- Daqueles dois. - disse apontando para o Ruben e para a Daniela que estavam no meio da pista de dança - Acho que o Ruben devia deixar a dança e concentrar-se mesmo só no futebol. - disse soltando uma leve gargalhada.
- Pois é, concordo com você. - disse e riu-se de seguida.
Ficámos alguns minutos a rir-nos, especialmente do Ruben, ele era mesmo engraçado. Não sei como, mas estantaneamente virei-me para o David que estava do meu lado e os meus olhos fixaram-se nele, naquele sorriso brilhante, naqueles caracóis perfeitos... Estava com os meus olhos presos no David, quando ele vira-se ligeiramente para o lado e olha para mim, não resisti e perdi-me nos seus olhos lindos. Ficámos alguns segundos a olhar-nos intensamente nos olhos, até que ele perguntou-me sem desviar o olhar:
- Quer beber alguma coisa?
- Sim, pode ser - respondi um pouco embaraçada, e desviei o meu olhar do dele.
- E o que quer?
- Não sei, o mesmo que tu. - disse mais composta e sorri.
- Então espera que eu já volto. - sorriu e foi até ao bar buscar as bebidas.
O Ruben e a Daniela finalmente pararam de dançar e vieram ao meu encontro muito sorridentes.
- Isso é que foi dançar ! - afirmei rindo-me.
- Sabes comé! - disse o Ruben rindo-se também - O David? Ele não 'tava aqui contigo? - perguntou com um ar confuso.
- Sim, ele foi só ali ao bar buscar bebidas. - respondi calmamente.
- Então eu vou lá ter com ele. O que queres beber feiosa? - perguntou o Ruben à Daniela.
- Pode ser um malibu de ananás, ó gordo. - respondeu a rir.
O Ruben também se riu e depois dirigiu-se ao bar. Reparei que a Daniela o seguiu com os olhos e eu não resisti em picá-la.
- Não olhes tanto que ainda te caem os olhos.
A Daniela olhou imediatamente para mim, via-se que ela estava atrapalhada.
- Do quê que estás a falar? - disse tentando disfarçar.
- Da maneira como olhas para o Ruben. - disse sentando-me numa mesa que estava ao pé de nós; logo de seguida a Daniela sentou-se também e eu continuei. - Va lá Daniela, eu sou a tua melhor amiga, adimite que gostas dele.
- Bia, nós somos só amigos! - disse um pouco triste.
- 'Tá bem que vocês são só amigos, mas tu gostas dele!
- É complicado, e mesmo se eu gostasse dele, ele não gosta de mim, só me vê como melhor amiga dele .- disse sem me encarar.
- Se eu fosse a ti, não tinha tanta certeza disso.
- Não vamos falar mais disso. Mas vá conta-me o que se passa entre ti e o David?
- Nada. O que haveria de se passar?
- Eu bem vos vir aqui muito divertidos. - disse com uma expressão engraçada.
- Nós só estávamos a rir das figuras que tu e o Ruben estavam a fazer. - disse com um sorriso rasgado.
- Não estávamos a fazer figuras, e eu bem vi a maneira como vocês estavam a olhar um para o outro. - disse piscando-me o olho.
- Oh cala-te com isso! Eu mal o conheço! Tu é que gostas de fazer filmes ! - disse fingindo-me de chateada.
- Adimite. Achas o giro não achas?!
Nesse mesmo momento o Ruben e o David chegam com as nossas bebidas. Senti um alivio pois não queria responder à pergunta da Daniela, pois tenho a certeza que se lhe dissesse a verdade, ela ia começar com os filmes dela, mas se eu lhe mentisse ela ia perceber, porque apesar dela me conhecer melhor que ninguém, eu sou péssima a mentir. Por isso dei graças a Deus por eles terem aparecido.
- Chegámos! - disse o Ruben muito alegremente sentando-se do lado da Daniela e entregando-lhe a bebida.
- Espero que gostes. - disse o David sentando-se do meu lado e entregou-me a bebida fazendo um sorriso perfeito.
- Obrigada !- agradeci.
- Do que as meninas estavam a falar? - perguntou o Ruben.
- Coisas de mulheres, ó cusco ! - respondeu-lhe o Daniela.
- Ah 'tá bem. - disse o Ruben fingindo-se de amuado.
- Ficas tão fofinho assim. - disse a Daniela a apertar-lhe as bochechas.
Eu e o David rimo-nos deles os dois.
- Eu sou fofinho! - disse o Ruben com um ar convencido.
- Tu és é parvo. - disse a Daniela a rir-se.
- Eles são sempre assim? - perguntei quase num sussurro ao David.
- A maior parte das vezes. - respondeu-me no mesmo tom de voz e soltando uma leve gargalhada.
- Deves sofrer com eles! - afirmei continuando com o mesmo tom de voz.
- E sofro, mas contigo aqui espero que as coisas melhorem. - disse com um grande sorriso e eu corei ligeiramente.
- O que estão p'raí a cochichar ? - perguntou a Daniela.
- Nada. - respondemos os dois num uníssono perfeito.
- Deixa-os estar! O David só veio hoje porque queria estar com a Bia, por isso deixa-os aproveitar. - disse o Ruben soltando uma gargalhada e eu corei novamente.
- Cala a boca babaca ! - disse o David com uma voz chateada.
- Calma David, a Bia também só veio porque queria encontrá-lo. - disse a Daniela também soltando uma gargalhada.
Eu olhei para a Daniela com um olhar de quem a queria matar, nem acredito que ela disse isso!
- Não sejam parvos! - foi a unica coisa que conseguir dizer.
- Não liga para esses dois ai, eles só sabem dizer bobagem. - disse o David a olhar para mim e a fazer um leve sorriso.
- Eu 'tou a falar a verdade. Desde que te conheceu ele não pára de falar de ti! - disse o Ruben.
- Pára de dizer besteira! - disse o David irritado.
- Sabem que vocês até ficam fofinhos juntos. - disse a Daniela a gozar connosco.
- Tu e o Ruben também. - disse para me vingar dela.
- 'Cê tem toda a razão, esses dois se merecem - disse o David a gozar com eles.
- Deixem-se de cenas. Adoro essa música - disse a Daniela a mudar de assunto.
- Eu também. - disse o Ruben.
- Não mudem de assunto não. - disse o David com um lindo sorriso.
Ficámos a falar alegremente e a rir das palhaçadas do Ruben e do David, eles eram mesmo engraçados. Eu e o David trocámos vários olhares e sorrisos, ele era muito simpático. A noite estava a ser muito divertida, mas eu estava um pouco cansada e como estava a ficar tarde queria ir para casa.
- Bem malta eu vou-me embora.
- Já? Ainda é cedo. - disse o Ruben.
- Fica, isto está tão divertido. - pediu-me a Daniela.
- Eu 'tou cansada, o nosso dia na praia foi cansativo.
- Então vá, eu levo-te. - disse o Ruben.
- Não é preciso, fica! Eu apanho um táxi.
- Eu trouxe-te, eu levo-te ! - afirmou decidido.
- Nem penses! Tu ficas aqui a divertir-te e eu apanho um táxi ! - ordenei levantando-me.
- Eu te levo. - disse o David.
Confesso que não estava nada à espera que ele dissesse aquilo.
- Não é preciso mas obrigada na mesma. Fiquem e divirtam-se.
- Eu também já 'tava indo embora, o treino foi puxado e eu tou cansadão. Por isso eu aproveito e levo você.
- Então sendo assim ... - disse um pouco envergonhada.
- Vamô? - disse fazendo um sorriso que me deixou derretida.
- Sim. - sorri.
- Tchau gente - despediu-se o David.
- Xau. - despedi-me também.
- Xau pombinhos. - disse a Daniela a gozar.
O Ruben riu-se e fiquei ligeiramente corada. Não respondemos à provocação da Daniela e virámos-lhe costas e saímos da discoteca e segui o David até ao sitio onde estava o carro dele.
- Tens a certeza que não te importas de me levar? Eu posso apanhar um táxi. - disse antes de entrar no carro.
- Claro que não. E cê acha mesmo que eu ia deixar você apanhar um táxi a essa hora sozinha?!
- Obrigada David. - agradeci-lhe sorrindo e olhando-o nos olhos.
- Não tem que agradecer não. Entra. - disse abrindo-me a porta do carro.
Sorri-lhe em forma de agradecimento e entrei no carro. Ele fechou a porta e foi para o outro lado do carro, abriu a porta do condutor e entrou. Fechou a porta, ligou o carro e seguimos caminho para casa.
- Vais ter treino amanhã? - perguntei para puxar conversa.
- Vou sim. - respondeu com um sorriso simpático.
- Vê lá se treinas como deve ser. Quero que o Benfica ganhe este campeonato.
- Cê gosta de futebol? - perguntou um pouco surpreso.
- Não sou fanática, mas não detesto. E quero que o benfica seja campeão! - ri-me.
- Então vou me esforçar! - disse fazendo um sorriso que me deixou deliciada mas não tirou os olhos da estrada.
Fomos o caminho todo a falar de coisas banais mas muito alegremente.
- Chegámos! - informou-me parando o carro a frente do meu prédio.
- Obrigada. - disse tirando o cinto de segurança.
- Já falei pra você que não têm que agradecer. - disse olhando-me nos olhos.
A verdade é que aquele olhar me deixou um pouco desconcentrada e não sabia o que dizer, por isso apenas sorri e ele retribuiu-me o sorriso. Agarrei na minha mala e quando ia a sair do carro, senti uma mão quente do David a puxar-me.
- Cê não quer ir ver o treino amanhã, p'ra ver se eu treino como deve ser? - perguntou-me um pouco receoso.
Fiquei sem reacção não sabia o que responder. Não estava a espera daquele convite.
- Desculpa, cê deve ter mais o que fazer. - disse o David desviando o olhar de mim.
Vi que ele ficou um pouco desiludido com a minha falta de reacção e pensou que eu ia dizer que não. Mas a ideia até me agradava.
- Nada disso. Claro que eu vou. - respondi com um sorriso tímido.
- Sério? - um sorriso iluminou-lhe o rosto.
- Sim a sério. Agora eu vou andando. Obrigada.- saí do carro.
- Bia! - chamou-me pela janela do carro.
Virei-me para ele a sorri ligeiramente.
- Me dá seu numero de telefone? - pediu-me timidamente.
Aproximei-me mais do carro e cheguei até a janela. Ele entregou-me o telemóvel dele para que eu marcasse o número, e assim o fiz.
- Aí o tens. - sorri e entreguei-lhe o telemóvel.
- É mesmo o seu numero? - perguntou-me a olhar para o visor do telemóvel.
- Não sei, descobre. - disse com um sorriso rasgado no rosto.
Dei-lhe um beijo leve no rosto e virei-lhe costas. Entrei no prédio muito contente, subi pelo elevador e abri a porta de casa. Fui para o meu quarto e vesti o pijama, e depois fui me deitar. Pousei o meu telemóvel em cima da mesa de cabeceira e logo de seguida ouvi-o a dar sinal de uma nova mensagem. Apressei-me a ver quem era, e percebi logo que era o David.
"Oi Bia! Espera que esse seja seu numero :)
Amanhã te pego às cincos, pode ser?
Boa noite! Beijão  :D"


Um sorriso apareceu-me no rosto, e depois de guardar o número dele, respondi-lhe.

"Olá! Esse é mesmo o meu número :D
Sim pode ser. Fico à tua espera !
Boa noite. Beijo  :)"
Pousei o telemóvel na mesa de cabeceira novamente e deitei-me. Não conseguia tirar o sorriso um pouco parvo da cara; não conseguia parar de pensar no David, ele é tão simpático! Adormeci com a ideia que o dia de amanhã ia ser extraordinário.

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