segunda-feira, 4 de julho de 2011

Capitulo 19 - Até quando?

- Vamô lá falar com o Vasco? - perguntou apontando discretamente para o tal Vasco, acho que ele é o dono da discoteca - Acho que ele pode ajudar a gente. - acrescentou.
- Vai lá tu que eu já vou lá ter contigo, se não te importares. É que eu vou ligar para um amigo da Daniela, para ele convidar os amigos dela da faculdade... É que eu não os conheço. - informei-o com um leve sorriso.
- Sem problemas. - sorriu e eu retribui-lhe.
O David foi falar com o Vasco e pela maneira como eles se cumprimentaram pareceu-me que eles eram amigos. Apressei-me a pegar no telemóvel que estava dentro da mala e liguei ao Lucas, o amigo da Daniela que eu conheci há pouco tempo atrás. Expliquei-lhe tudo o que estávamos a planear e ele disse que não havia problema em falar com os outros amigos da Daniela e ainda disponibilizou-se a ajudar-nos no que fosse preciso. Agradeci-lhe e desligámos o telemóvel em simultâneo. Logo de seguida dirigi-me até onde o David e o outro rapaz se encontravam a conversar animadamente.
- Olá. - cumprimentei educadamente, interrompendo a conversa que eles estavam a ter.
- Olá. - cumprimentou-me o Vasco educadamente - Bem David esmeraste-te... Mesmo linda a tua namorada nova. - disse e sorriu para o David e eu corei ligeiramente.
- Não é minha namorada, somos só amigos. - esclareceu-lhe o David - Mas ela é linda mesmo. - sorriu e eu corei mais ainda.
- Ah desculpa, eu não sabia... Pensei que vocês... Bem... Esqueçam que eu não sou lá muito bom em pensar. - desculpou-se um pouco atrapalhado e eu e o David rimo-nos.
- Não tem problema, cara. Mas bom... Essa é a Bia. - apontou para mim com um lindo sorriso - E Bia esse é o Vasco. - apontou para ele também.
- Prazer Bia. - comprimentou-me com dois beijinhos no rosto.
- O prazer é meu. - retribui-lhe sorrindo.
Conversámos animadamente e o Vasco deu-nos a lista com o nome de alguns DJ's e sugeriu-nos os três melhores. Eu e o David agradecemos e decidimos ir embora pois já estava quase na hora da discoteca abrir. Saímos e dirigimo-nos até ao carro em silêncio. O David abriu-me a porta novamente e depois de eu entrar no carro fechou a porta e dirigiu-se até a porta do condutor e entrou também.
- Então, qual DJ achas que escolhemos? - perguntei a olhar para a lista que estava nas minhas mãos.
- Não sei... Eu 'tou com fome. Não consigo pensar de barriga vazia. - ri-me - Já jantou?
- Não. - respondi com um leve sorriso.
- Então janta comigo.
- Depende, onde me vais levar? - perguntei e olhei-o pela primeira vez nos olhos hoje.
- Que tal na minha casa... - sugeriu e no meu rosto formou-se uma leve expressão de espanto - Eu faço um macarrão fantástico e não 'tou com a mínima vontade de ir para um restaurante.
- Hum, por mim pode ser. - cedi e soltei um leve sorriso.
O David sorriu e começou a conduzir em direcção à sua casa e em menos de meio hora chegamos. O David abriu-me a porta do carro, como sempre com um grande sorriso, e depois fechou-a e fez-me sinal para eu ir andando para o prédio dele. E assim o fiz, e ele seguiu logo atrás de mim. Entrámos para dentro do prédio e subimos até ao terceiro andar pelo elevador. Durante o percurso em permaneci em silêncio e o David apenas estava com um pequeno sorriso no rosto. Saímos do elevador e o David abriu a porta da sua casa, entrou e vez sinal para que eu entrasse também.
- Bem-vinda ao meu palácio. - brincou com um grande sorriso no rosto.
- Uau. - indaguei admirada.
A sala do David era linda, mas muito simples com algumas fotografias de quem eu julgava ser a família do David em cima dos móveis e tinha um quadro com fotos do David na parede.
- Não gostou?
- Adorei... É linda. É tão David Luiz e não David Luiz, jogador do Benfica. - constatei com um grande sorriso.
- Ainda bem que cê gostou. - sorriu - Agora cê pode ficar à vontade que eu vou fazer um macarrão p'ra gente. - disse e pousou as chaves que tinha na mão em cima da mesa de centro na sala.
- Posso ajudar-te? - perguntei a olhá-lo nos olhos e sorrir.
- Se quiser. - sorriu.
Assenti com a cabeça e seguimos em direcção à cozinha. Quando cheguei reparei em cada detalhe da cozinha, era simples e não muito grande - branca com os móveis pretos e era bonita. O David tirou de dentro do armário uma panela e tirou os ingredientes para fazer o tal macarrão.
- Então o que eu vou fazer? - perguntei a sorrir.
- Cê vai sentar ai. - apontou para uma cadeira - E vai deixar o chefe trabalhar. - disse com um ar convencido.
Eu não resisti e soltei uma grande gargalhada.
- Eu tenho medo de morrer. - gozei com ele.
- Cê vai experimentar o meu macarrão e não vai querer outra coisa. - sorriu graciosamente.
Eu ri-me, o David pôs água numa panela, ligou o fugão e pos a água para ferver.
- Como foi as suas aulas hoje?
- Foram boas. Estava um pouco nervosa no começo, mas depois correu tudo bem.
- Bia, cê sempre quis ser psicóloga?
- Não, quando eu era pequena queria ser modelo porque a minha mãe era e eu sempre sonhei em ser também. - disse com um brilhozinho no olhar ao lembrar-me da minha mãe.
- E porque cê não foi modelo?

- Mas cê tem carinha de modelo. - disse a olhar nos meus olhos.
- Oh não tenho nada. - disse já sentido o sangue subir para as minha bochechas - Então e tu? Se não fosses um jogador de futebol, o que serias? - perguntei para mudar de assunto.
- Não sei... Eu desde pequenininho queria ser jogador de futebol mas se não fosse talvez seria jogador de qualquer coisa. - respondeu-me e continuou a cozinhar.
- Sabes que também gostava de jogar futebol? - disse a sorrir e o David olhou para mim admirado - 'Tou a brincar! - ri-me e o David acompanhou-me.
- Futebol não é para meninas, nunca ouviu dizer?
- Que machista David! Fica a saber que se eu quisesse conseguia jogar melhor que tu, eu é que não gosto de demonstrar o meu talento para o futebol. - afirmei e sorri convencida.
- Sim, claro. - disse sarcástico - Vou falar com o mister, para ver se conseguimos mudar as regras do futebol e vamos fazer equipas mistas e pomos você lá. - brincou comigo rindo-se.
- Faz isso e o Benfica vai ser campeão sempre! - disse a sorri e o David riu-se ainda mais.
- Você é muito engraçada. - afirmou pegando em dois pratos no armário.
- Ei, eu ponho a mesa. - ordenei tirando-lhe os pratos da mão.
- Você é minha convidada, me dá os pratos que eu faço isso. - pediu tentando tirar-me os pratos da mão.
- Não, eu faço isso não custa nada. - disse começando a pôr a mesa.
- Eu te ajudo então.
Posemos a mesa entre brincadeiras e o David estava a provocar-me e eu não resistia e cedia às provocações dele.
Depois da mesa posta, começámos a comer  e durante o jantar decidimos qual seria o DJ que iríamos contratar. Eu fiquei de ligar para ele no dia seguindo pois hoje já era tarde. Depois de acabarmos de comer, o David pôs a loiça na máquina.
- O teu macarrão estava óptimo. - elogiei sorrindo.
- Eu te falei que o meu macarrão é muito bom. - gabou-se a rir.
- Tu hoje saíste-me cá um convencido! - afirmei dando-lhe uma leve chapada no ombro e ri-me.
Saí da cozinha e fui para a varanda. Olhei pela a janela e vi que o David tinha vista para o estado de Alvalade.
- Que bela vista que tu tens ! - disse sarcástica e ri-me.
- Ei, a gente tem que 'tar sempre de olho no inimigo. - brincou e eu ri-me.
Ficámos em silêncio enquanto eu olhava para a janela completamente distraída, até que sou interrompida por uma gargalhada do David.
- O que foi? - perguntei confusa.
- Já te falaram que cê é muito baixinha? - perguntou com ar de gozo.
- Ah, cala-te! Para a tua informação eu não sou baixinha. - imitei o sotaque dele - Tu é que és grande de mais. - continuei e fingi-me de amuada.
- Eu até posso ser grande, mas cê também é baixinha de mais ! - riu-se.
- És mesmo parvo! - disse amuada e empurrei-o levemente.
- Pronto parei. - disse mas continuou a rir-se e eu olhei para ele com um olhar sério. - O que foi?
- Não falo mais contigo. - cruzei os braços em forma de amuo, como uma criança, e o David riu-se ainda mais.
- Vem cá. - puxou-me ainda a rir - Cê não vai falar mesmo comigo? - balancei a cabeça negativamente.
Rapidamente o David começou a fazer-me cócegas. Eu comecei a rir compulsivamente pois eu morria delas.
- David, pára! - pedi rindo-me - Pára, por favor!
- Cê agora já fala comigo? - perguntou e soltou uma gargalhada.
- Pára! - gritei a rir-me e a tentar soltar-me dos braços do David mas não consegui - David... Vá lá, pára. - pedi e o David parou mas continuou a agarrar-me e a rir.
Eu também não consegui resistir e ri-me. Eu o David ficámos a rir que nem uns perdidos, e quando finalmente conseguimos controlar as gargalhadas, apercebemo-nos que estávamos de frente um para o outro. Em questão de segundos estávamos a olhar-nos seriamente nos ollhos um do outro. Ficámos assim durante alguns instantes, até que o David quebrou o silêncio.
- Até quando? - perguntou quase que num sussurro abafado a poucos centímetros dos meus lábios.
- Até quando o quê? - perguntei confusa no mesmo tom que o David.
- Até quando a gente vai ter que fingir que aquele beijo não aconteceu?
Não lhe respondi pois não sabia o que lhe dizer. Mas o David não esperou por uma resposta minha e antes de eu puder pensar, celou os nossos lábios num beijo calmo mas cheio de sentimento. Não fiz o mínimo esforço para que aquele beijo acabasse pois eu queria-o tanto como o David. Senti as mãos dele a apertarem-se mais contra minha cintura e eu passei a minha mão pela sua nuca agarrando num monte de caracóis e puxei-o mais para mim. O David especificou mais o beijo e eu deixei-me levar pelo momento. Quando já estávamos a ficar sem fôlego, quebrámos o beijo com outros repenicados nos lábios.
- Eu 'tou gostando de você... - confessou com a voz abafada contra os meus lábios e a olhar-me nos olhos e beijou-me novamente - Eu 'tou gostando muito de você. - afirmou dando ênfase à palavra "muito".
- David... - disse num sussurro.
- Não fala nada... - calou-me com um leve beijo.
Ficámos na varanda em completo silêncio e a olhar-nos profundamente nos olhos. Eu estava ainda a digerir o que o David disse. Eu não sabia o que pensar nem o que dizer. Naquele momento eu não sabia nada, apenas que o David existia e que estava ali à minha frente mais lindo que nunca. Mas eu e o David não podíamos, não iria dar certo.
- David, está a ficar tarde. É melhor eu ir-me embora. - disse quebrando o silêncio.
- Eu te levo. - afirmou e largou a minha cintura.
- Não é preciso, eu apanho um táxi. - neguei entrando na cozinha e dirigindo-me para a sala.
- Não, eu te levo.
- 'Tá bem, obrigada. - disse sem o encarar.
Saímos de casa em silêncio e assim fizemos o caminho até minha casa. Estava completamente perdida em pensamentos mas apercebi-me que, apesar de estar atento na estrada, o David também estava com um ar pensativo. Chegámos à porta do meu prédio e o David estacionou o carro.
- Obrigada. - encarei-o.
Ele sorriu levemente e assentiu com a cabeça. Eu agarrei na minha mala, abri a porta do carro e quando ia a sair do carro, senti as mãos do David agarrarem-me no braço.
- Bia, não foge... - pediu-me olhando-me nos olhos.
Nesse momento esqueci-me do mundo e concentrei-me apenas no David.
- Eu não vou fugir. - afirmei e num impulso, que eu não sei onde arranjei coragem para o fazer, uni os nossos lábios num beijo curto que o David prolongou. Quando selámos o beijo, o David sorriu largamente e eu retribui-lhe com um sorriso mais tímido.
Saí do carro e acenei ao David uma última vez e de seguida entrei no meu prédio. Estava a sorrir estupidamente. Era incrível como o David conseguia deixar-me leve e feliz. Entrei em casa e a Daniela estava sentada no sofá a ver televisão.
- Olá. - cumprimentei-a.
- Fogo demoras-te! 'Tou a ver que ainda me vais trocar por essa tua nova amiguinha. - disse com um amuado.
- Oh a minha feiosa 'tá com ciumes ! - ri-me ligeiramente.
- Ah cala-te. Mas pelo menos foi bom o passeio?
- Foi melhor do que tu pensas... - respondi-lhe e dei-lhe um beijo e fui para o meu quarto com um grande sorriso no rosto.
- Não jantas? - ouvi a Daniela gritar para que eu a ouvisse.
- Já jantei, amor. - respondi-lhe no mesmo tom de voz.
A Daniela não disse mais nada e eu fui tomar um banho rápido. Vesti o meu pijama e depois fui até à sala ter com a Daniela.
- Vou dormir, feia. - informei-a e beijei-lhe a face - Boa noite. - desejei-lhe sorrindo.
- Boa noite. Dorme bem.
- Tu também.
Voltei para o meu quarto e deitei-me na minha cama. Olhei para o meu telemóvel que estava na minha mesa de cabeceira e vi que ele estava a piscar. Era uma mensagem do David.

"Dorme bem, baixinha.
Beijão."

Sorri ao ler a mensagem e despachei-me a responder-lhe.

"Tu também, grandão.
Beijo :)"

Logo de seguida, pousei o telemóvel no mesmo sitio, ajeitei-me na cama com um sorriso parvo na cara e eu nem poderia imaginar no que poderia acontecer depois dessa noite.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Capítulo 18 - Eu sabia que ia acabar por encontrar um defeito em ti

Acordei cedo mas permaneci na cama à espera que o meu despertador tocasse. Estava ansiosa pelo meu primeiro dia de aulas e também não via a hora de estar com o David. Quando finalmente ouvi o som irritante do meu despertador, despachei-me a desligá-lo, levantei-me da cama e fui tomar um banho rápido. Quando saí, era hora de escolher uma roupa e eu não sabia bem o que vestir. Fiquei alguns instantes a olhar para todas as minhas roupas e nada parecia-me ser a ideal para usar. A Daniela entrou disparada para dentro do meu quarto. Para aquela miúda devia de ser pecado bater à porta.
- Bom dia alegria! - cumprimentou-me alegremente.
- Bom dia. Não te vais vestir? - perguntei reparando que ela ainda estava de pijama.
- Daqui a pouco. Só vou ter aula ao segundo tempo. - informou-me sorrindo - E tu ainda tas enrolada na toalha?
- Não sei o que vestir. - disse olhando novamente para o meu guarda-roupas.
- Eu ajudo-te. - agradeci-lhe com um pequeno sorriso.
Não demorou muito até a Daniela encontrar uma roupa. Aceitei a sugestão dela e enquanto eu me vestia, ela saiu para preparar o nosso pequeno almoço. Acabei de me vestir, pus uma maquilhagem leve e dei um jeito ao meu cabelo, deixando-o levemente ondulado. Olhei-me ao espelho e constatei que estava pronta. Peguei na minha mala, pus lá tudo o que precisava para o dia de hoje e saí do meu quarto. Pousei a minha mala no sofá da sala e em seguida fui para a cozinha onde a Daniela já estava a comer.
- Bem, nem sei o que seria da tua vida sem comida... - disse a meter-me com ela.
- Não sabes?! Eu digo-te: nada, meu amor, absolutamente nada. - disse de uma maneira engraçada que eu não resisti e ri.
- És mesmo parvinha. - disse sentando-me ao lado dela.
- Então estás nervosa? - perguntou fixando os seu grandes olhos em mim.
- Um bocado... Não sei o que me espera. - disse dando um gole no meu sumo de laranja.
- Oh vai correr tudo bem. - tranquilizou-me sorrindo.
- Espero bem que sim. - disse enquanto acabava de beber o meu sumo - Agora eu vou andando que não quero chegar atrasada. - levantei-me da mesa.
- Não vais comer nada? - perguntou-me com uma expressão confusa.
- Neste momento não consigo comer nada. - sorri - Bem, xauzinho. - despedi-me e dei-lhe um beijo no topo da cabeça e saí apressadamente da cozinha.
- Boa sorte! - ouvi-a a desejar-me num tom de voz mais elevado.
- Obrigada. - agradeci no mesmo tom de voz.
Agarrei na minha mala em cima do sofá e nas chaves do carro que estavam em cima da mesinha do hall de entrada e saí de casa.
Fui até ao meu carro, liguei-o e começei a conduzir calmamente até à faculdade. Durante o caminho veio-me várias perguntas à cabeça, tais como: Como seria o pessoal de lá? Como seriam os professores? Será que eu iria gostar? Tentei não pensar muito nessas coisas e não demorou muito até eu chegar. Estacionei o carro e saí. Comecei a reparar nos pequenos detalhes da faculdade, pois só tinha cá estado duas vezes para tratar da matricula e da transferência. Era uma escola bonita, sofisticada, talvez precisasse de uma pintura, mas nada muito importante. Reparei também nas pessoas que se encontravam do lado de fora da faculdade: algumas conversavam alegremente, outras acabavam de chegar e cumprimentavam-se entre si. Reparei também que havia alguns casais apaixonados a trocarem beijos e entre isso tudo havia pessoas como eu, completamente fora do seu ambiente, sem conhecer absolutamente ninguém. Respirei fundo e entrei. Agarrei no papelinho com o meu horário, que me tinham dado quando vim matricular-me, e vi qual seria a aula que iria ter e em qual sala seria. Dei algumas pequenas voltas pela faculdade para ver se encontrava a sala, mas não encontrei. Por isso perguntei a uma funcionária e ela indicou-me o caminho. Segui a suas indicações e finalmente encontrei a minha sala. Quando entrei, encontrei algumas pessoas a conversar e outras apenas sentadas à espera que tocasse. Avistei uma mesa vazia ao fundo e dirigi-me até ela, pois nunca gostei de ficar à frente. Pousei a minha mala em cima da mesa e sentei-me. Não demorou muito até uma rapariga de cabelo castanho claro e olhos cor de mel, que aparentava ter mais ou menos a minha idade, dirigir-se para ao pé de mim, com um bonito sorriso no rosto.
- Posso sentar-me?
- Claro, estás a vontade. - sorri educadamente.
Ela retribuiu-me o sorriso e sentou-se.
- Olá, sou a Inês, muito prazer. - auto-apresentou-se esticando-me uma das mãos.
- Bia, o prazer é meu. - apertei-lhe a mão delicadamente.
Gostei da maneira como a Inês falou comigo, simples e espontânea. Conversámos animadamente durante o pouco tempo que restava até dar o toque. Inês pareceu-me bastante simpática.
Tocou e entrou na sala um professor que aparentava ter os seus trinta e poucos anos. Ele falou sobre o curso e sobre a sua disciplina. Achei-o bastante simpático, pareceu-me ser divertido mas competente. A aula passou rapidamente e eu passei o intervalo a falar com a Inês. Ela era mesmo simpática e carismática. Tinha um jeito um pouco maluco e diferente de mim e tinha o seu futuro bem planeado. Tivemos mais duas aulas e os professores eram mais velhos que o primeiro, mas também eram simpáticos e pareceram-me bastante rigorosos.
 Saí da sala juntamente com a Inês.Finalmente chegou a hora do almoço e ainda bem, pois eu já estava cheia de fome.
- Inês, queres ir almoçar comigo? - convidei-a.
- Bora, e onde é que vamos?
- Não faço a minima
- Ouvi dizer que ao virar da esquina há um restaurante óptimo onde o pessoal da faculdade costuma ir.
- Então vamos até lá. - disse animadamente.
Seguimos a pé até ao restaurante pois era perto. Chegámos e escolhemos uma mesa vaga e sentamos. Fiquei de frente para ela. Não demorou muito até um empregado vir nos atender. Fizemos os nossos pedidos e aguardamos que o empregado os trouxesse. Quando  trouxe começámos a comer entre muita conversa e gargalhadas. A Inês pareceu-me muito animada.
- Aquele gajo a mesmo lindo! - comentou olhando para televisão e eu, como estava de costas para a mesma, virei-me e vi a passar na televisão uma imagem do David.
- Sim, é giro... - concordei tentando não dar muita importância.
- É giro? Fogo, ele é perfeito todos os dias. Só é pena ser jogador do Benfica. - disse torcendo o nariz.
- E qual é o mal de ser jogador do Benfica? Não me digas digas que és portista? - inquiri olhando seriamente para ela.
- Não querida, sou largata com muito gosto. - disse orgulhosa.
- Ah eu sabia que ia acabar por encontrar um defeito em ti. - brinquei balançando a cabeça negativamente.
Ela atirou-me com um guardanapo e eu ri-me. Continuámos o nosso almoço animadamente. De seguida, era hora de voltar novamente para a faculdade pois ainda nos faltava ter mais duas aulas. Estava a adorar o meu primeiro dia de aulas, estava adorar a faculdade e estava adorar conhecer a Inês, mas não via a hora de estar com o David e parecia que quanto mais eu queria isso mais lentamente as horas passavam. Quando finalmente acabou a última aula, já passava pouco mais da cinco horas. Despedi-me da Inês e fui para  meu carro. Conduzi calmamente até casa, e quando cheguei esperei que a Daniela chegasse e não demorou muito para que isso acontecesse.
- Olá feia. - cumprimentei-a dando-lhe um leve beijo no rosto.
- Olá gorda. Como foi o teu primeiro dia de escolinha?
- Foi muito bom. - sorri.
- Vês? Eu disse... E tu ainda estavas nervosa. Parecias aquelas criancinhas que vão à escola pela primeira vez na vida e estão com medo de ficar lá sem as mamãs. - gozou rindo-se.
- Ah, cala-te estúpida ! - atirei-lhe com uma almofada.
Continuámos a falar e entre brincadeiras e picadarias. Acabei por lhe contar como foi o meu dia. Passado algum tempo ouvi o meu telemóvel a tocar, por isso despachei-me a ir ver quem era e era uma SMS do David.

Já cheguei, estou te esperando.
Beijo

Olhei para o o visor do telemóvel e sorri ao ver que eram exactamente sete horas.
- Sempre pontual. - murmurei com um sorriso parvo na cara.
- Disseste alguma coisa? - perguntou-me a Daniela.
- Não... Nada. - disse um pouco atrapalhada. - Vou sair. - informei-a agarrando na minha mala.
- Onde vais?
- Vou dar uma volta com aquela minha amiga que te disse que conheci hoje. - menti - Não esperes por mim para jantar, devo demorar um pouco. - informei e saí rapidamente de casa para que ela não me fizesse mais perguntas.
Desci as escadas e quando saí do prédio avistei o David, encostado ao seu carro, lindo como sempre e com o seu sorriso de menino na cara. Aproximei-me dele.
- Olá... - cumprimentei-o sorrindo timidamente.
- Oi. - aproximou-se e deu-me um leve beijo no rosto que me fez estremecer, e acho que ele percebeu.
- Então... Vamos? - perguntei um pouco atrapalhada.
O David sorriu e acompanhou-me até à porta do pendura e abriu-ma. Entrei e agradeci-lhe. Ele fechou a porta e dirigiu-se de seguida para a porta do condutor abrindo-a e entrando rapidamente. Não demorou muito até o David começar a conduzir até a discoteca onde iríamos pedir uma lista de DJ's e ver se encontrávamos algum de jeito. Durante o caminho fomos a falar sobre coisas normais. O David contou-me como o Rúben anda a gastar toda a sua energia a tratar da festa... Ele estava mesmo com intenções de impressionar a Daniela. Não demorámos muito a chegar. O David, como sempre, foi um cavalheiro e abriu-me a porta. Dirigimo-nos em direcção à discoteca que estava fechada, mas já se encontrava um segurança à porta, por isso o David explicou-lhe o motivo de estarmos ali e ele não teve problemas em deixar-nos entrar. Entrámos e algo me dizia que aquilo não iria ficar só por ali.

sábado, 18 de junho de 2011

Capitulo 17 - A senhora é que manda!

Acordei cedo e sem a mínima vontade de ficar na cama. Levantei-me e fui até à casa de banho tomar um longo e relaxante banho. A verdade é que não queria que a minha cabeça fosse invadida por pensamentos confusos, com o nome "David Luiz". Não percebo o que se anda a passar comigo... Eu mal o conheço e ele não sai da minha cabeça. Saí da banheira e enrolei-me numa toalha e dirigi-me para o meu quarto. Passei um creme hidratante pelo meu corpo e escolhi uma roupa simples e fresca. Sequei ligeiramente os meus cabelos e depois prendi-os num "rabo de cavalo" alto. Calcei uns chinelos e dirigi-me até à cozinha para comer qualquer coisa. Fiz algumas torradas, enchi um copo com leite e dirigi-me para a sala, para tomar o meu pequeno almoço. Liguei a televisão na MTV e comecei a comer.
Quando acabei, levei a loiça para a cozinha e lavei-a mesmo à mão, pois era pouca. Voltei para a sala e deitei-me confortavelmente no sofá. Fechei os olhos e veio-me novamente à cabeça o David. Lembrei-me de todos os momentos que eu tive com ele, foram poucos mas foram fantásticos. Lembrei-me daquele sorriso de menino que só ele tinha e que me deixava completamente deliciada. Lembrei-me daqueles caracóis perfeitos e daqueles olhinhos lindos. Lembrei-me do nosso beijo. Na verdade eu não consigo esquecer aquele beijo. Não sei exactamente quanto tempo fiquei perdida em pensamentos, mas só saí daquele transe quando ouvi a voz da Daniela. Abri os olhos e levantei-me do sofá, ficando de frente para ela.
- Ai a minha cabeça. - queixou-se com a mão na mesma.
- Bom dia! - cumprimentei-a, achando graça à figura dela.
- Fala baixo miúda. Não vês que eu estou a morrer?!
- Bebesses menos! - afirmei rindo.
- Eu não bebi assim tanto ... - disse com uma voz baixa.
- Não, não. - ironizei - Até pediste ao David para te ensinar a sambar. - disse a rir-me.
- A sério?! Sou tão estupida. - martirizou-se e eu ri-me. - Mas eu fiz muitas figuras?
- Só fizeste figuras! - disse soltando uma gargalhada.
- Que vergonha... Mas sabes com'é que eu fico quando bebo demais. - disse baixo e eu não resistir e ri - Ai a minha cabeça, vai explodir... - queixou-se novamente.
- Da próxima vez bebes menos! E vai lá tomar um banho quentinho, que eu vou fazer-te o pequeno almoço e vou arranjar-te um comprimido para ver se essa dor de cabeça passa. - sorri.
- Ok, obrigada. És uma querida! - disse com um leve sorriso.
- Eu sei, o que seria de ti sem mim... - gabei-me e ela riu-se levemente e foi tomar o seu banho e eu fui até a cozinha prepara-lhe o pequeno almoço.
Eu e a Daniela sempre fomos bastante brincalhonas uma com a outra mas sempre preocupadas. Nós conhecemo-nos desde pequeninas e sempre fomos mais que amigas. Ela é aquela irmã que eu nunca tive mas que sempre sonhei ter, e apesar dela ser mais velha, eu sempre tento protegê-la e cuidar dela. Ela às vezes é um pouco maluca, mas uma das melhores pessoas que eu conheço. Eu fazia de tudo para a ver feliz, porque ela merece. Mas eu queria mesmo é que ela admitisse o que sente pelo Rúben. Eles gostam um do outro e isso toda a gente já percebeu, e talvez na festa surpresa que o Rúben está-lhe a preparar, seria mais fácil de admitirem.
Preparei-lhe uma sandes e fiz-lhe um sumo de laranja. Peguei numa aspirina e não demorou muito até ela chegar à cozinha, com os cabelos molhados.
- Não vais secar o cabelo? - perguntei a sorrir.
- Não, o barulho do secador só vai piorar a minha dor de cabeça. - disse com um ar sério e eu ri-me.
- Então vá come, e toma esse comprimido. - dei-lhe o remédio para a mão.
- Obrigada. - sorriu. - Então estás preparada para o primeiro dia de aulas na faculdade amanhã? - perguntou e logo de seguida deu um gole no sumo que lhe preparei.
- Acho que sim. Estou é um pouco ansiosa.
- Oh, vais ver que vais adorar. - afirmou sorrindo.
- Pois, espero que sim...
- E ontem falaste com o David? - perguntou-me curiosa.
- Eu não tenho nada para falar com o David. - disse um pouco irritada.
- Bia, vocês beijaram-se, é claro que têm que falar.
- Não temos nada... - entretanto ouvi o toque do telemóvel dela. - E vai lá atender o teu telemóvel. - ordenei-lhe um pouco impaciente.
 Agradeci mentalmente a Deus pelo telemóvel dela estar a tocar naquele o momento, pois não queria nada ter aquela conversa com ela. Ela levantou-se rapidamente e foi até ao seu quarto, e ouvi-a a atender o telemóvel. Dirigi-me para a sala e sentei-me no sofá e pouco tempo depois ela chegou, ainda a falar ao telemóvel, com um sorrisinho parvo no rosto. Pelo que eu percebi ela estava a falar com o Rúben. A Daniela ficou algum tempo a falar, mas eu não estava a prestar muita atenção na conversa. Estava mais atenta no que estava a dar na televisão. Depois dela desligar, estava com um grande sorriso nos lábios.
- Quem era? - perguntei curiosa.
- Era o Rúben. - disse tentando mostrar indiferença, mas não conseguiu.
- E o que ele queria?
- Saber se eu estava bem... - respondeu com um sorriso parvo no rosto.
- Oh que fofo... 'tava preocupadinho. - gozei forçando uma voz melosa.
- Ah cala-te! - atirou-me com uma almofada.
- Olha aí. - reclamei e ela soltou uma gargalhada.
Ficámos na sala a falar e a resmungar uma com a outra. A Daniela é muito engraçada e quando está de ressaca consegue ser mais ainda. O tempo passou a correr e quando demos por nós já eram 14:00 horas e nós ainda não tínhamos almoçado, e para variar estávamos a morrer de fome. Resolvemos pedir uma pizza, pois era mais rápido e nenhuma de nós queria cozinhar.
- Ó feia, não queres ver um filme? - perguntou enquanto limpava a boca num guardanapo.
- Qual? - questionei, mas já fazia uma pequena ideia de qual filme ela iria escolher.
- Marley e eu. - respondeu com um grande sorriso, pois ela adora mesmo o filme.
- Não te cansas de ver esse filme?! - disse a rir-me.
- Não! - respondeu convicta - Vou pôr. - sorriu e dirigiu-se para o móvel onde ficavam os DVD's.
Eu levantei-me do sofá, agarrei na caixa da pizza, já vazia, e nos copos e levei para cozinha. Pus a caixa no lixo e enquanto lavava rapidamente a loiça, ouvi a Daniela gritar.
- Anda logo, já começou!
Ri-me e acabei de lavar a pouca loiça que havia, e dirigi-me novamente para a sala.
- Tu és mesmo parva! - acabei por dizer, pois a Daniela conseguia fazer tudo de uma maneira engraçada.
- Vá, senta-te rápido - pediu impaciente.
Sentei-me e ela deitou-se com a cabeça no meu colo.
- Esse cão é tão fofo. - disse-me com um sorriso babado.
Ri-me e enquanto víamos o filme fazia-lhe um carinho na cabeça, e pouco tempo depois a Daniela acabou por adormecer. Eu continuei a ver o filme mas fui interrompida pelo som do meu telemóvel a tocar. Levantei-me calmamente para não acordar a Daniela, pus-lhe uma almofada por baixo da cabeça dele, e despachei-me a ir atender. Ainda bem que a Daniela tem um sono pesado, senão já tinha acordado e começado a atrofiar. Vi no visor do telemóvel um numero que não conhecia, e atendi finalmente.
- Estou? Quem fala?
- Olá Bia, sou eu, o Rúben.
- Olá Rúben! - cumprimentei-o a sorrir e lembrei-me que ele tinha dito que iria pedir ao David o meu número para podemos tratar dos premonores da festa surpresa da Daniela.
- Então tudo bem? - perguntou-me educadamente.
- Sim e contigo?
- Também. Olha, podes vir aqui a casa para bebemos um café e tratarmos de algumas coisa para a festa da Dani? É que só temos uma semana e há muita coisa para tratar e preciso da tua ajuda.
- Claro que sim. Vou aproveitar que ela está a dormir e vou aí ter.
- Óptimo. Fico à tua espera então.
- Eu não me demoro. Xau!
- Ah Bia, só mais uma coisa. - disse rapidamente.
- Diz...
- O David 'tá a mandar-te beijinhos. - disse a rir-se.
- Beijinhos, Rúben! - disse a despachá-lo e desliguei.
Fui rapidamente mudar de roupa, agarrei na minha mala e saí do quarto. Quando passei pela sala, desliguei a televisão e saí de casa cuidadosamente para não fazer barulho, pois se a Daniela acordasse ia querer saber onde eu ia e eu não lhe sei mentir. Fechei a porta e o David veio-me à minha cabeça: Será que o David ia lá estar? Tentei não pensar nisso, entrei no meu carro e conduzi até à casa do Ruben. Quando cheguei, estacionei o carro e saí. Toquei à campainha, e ouvi uma voz que era-me bastante familiar a gritar "eu vou". Não demorou muito até me abrirem a porta. Fiquei admirada quando vi à minha frente o David e ele estava mais lindo que o habitual, com aqueles caracóis caindo-lhe ligeiramente pela face.
- Oi. - cumprimentou-me com um leve sorriso.
- Olá David. - cumprimentei-lhe também.
- Tudo bom com você? - perguntou-me e ao mesmo tempo fez-me sinal para que eu entrasse.
- Sim e contigo? - respondi enquanto entrava dentro da casa do Ruben, e o David fechou a porta.
- Também... - respondeu-me, e o Ruben apareceu vindo da cozinha.
- Bia! - disse alegramente.
- Rúben! - disse no mesmo tom e o David riu-se.
- Há quanto tempo... - disse como se não me visse há uma eternidade.
- Sim, Ruben, desde ontem. - disse a rir-me.
- Ah pois foi . - riu-se também.
- Cara, 'cê é um babaca mesmo. - disse o David também a rir-se.
- Ah, cala-te ó cara de cú. Pela maneira que tu falaste dela hoje, parecia que tu não a vias há semanas. - disse o Rúben com ar de gozo.
Fiquei constrangida pelo que o Rúben disse, e reparei que o David também, por isso tentei mudar logo de assunto.
- Bem e que tal pararmos de dizer parvoíces e vamos ao que interessa!
- A senhora é que manda! - assentiu o Ruben, sempre com o seu ar brincalhão.
 Dirigimo-nos todos para o sofá, sentámo-nos e começámos a conversar. Reparei que o David estava um pouco calado, pois normalmente ele fala bastante, mas tentei não ligar muito; tentei focar a minha atenção no que o Rúben dizia, mas não consegui... Eu sentia os olhos do David presos em mim. Mas passado algum tempo consegui prestar mais atenção, apesar de às vezes ainda me perder nos olhos do David.
- Precisamos de um DJ, para tratar da musica para animar o pessoal.
- Sim, mas quem? Eu não conheço nenhum DJ... - avisei-os.
- Pois, eu também não. Fazemos assim: amanhã eu vou tratar do bufett e tu e o David vão até àquela discoteca que nós fomos da outra vez, e pedem lá uma lista de DJ's. Eles de certeza que vos irão dar e depois escolhem o que acharem melhor. - ordenou o Rúben com um sorriso matreiro no rosto.
Percebi que o Rúben só disse aquilo para que eu ficasse com o David, e eu estava com vontade de o esganar. Mas até nem era mau tratar disso com o David.
- Por mim, tudo bem. - disse ainda com uma pequena dúvida a pairar na minha cabeça, mas não a deixei transparecer.
- Por mim também. A gente pode ir lá a que horas? - perguntou olhando para mim.
- Pois... Amanhã é o meu primeiro dia de faculdade, por isso só estou despachada ao final da tarde.
- Eu também vou ter treino. Posso te pegar em casa às 19:00 horas? - perguntou receoso.
- Sim, podes. - disse timidamente e o David sorriu.
- Espero que amanhã se portem com juízo, meninos. - disse o Rúben a gozar e o David deu-lhe uma leve chapada na cabeça e eu ri-me - Olha aí, caracoleta de um raio ! - reclamou.
Continuámos a falar e a tratar de mais alguns pormenores. Reparei que o David já estava mais alegre. Depois de algum tempo a falar, vi que estava a ficar tarde e então decidi ir embora. O David disse que também ia pois também já estava na hora dele. Despedimo-nos do Rúben e saímos os dois juntos da casa dele. Fizemos um curto caminho até ao meu carro em silêncio. Quando chegámos, o David acabou por quebrar o silêncio.
- Amanhã não esquece. Vou te buscar às sete.
- Eu não me esqueço. - sorri.
- Então, até amanhã. - despediu-se e deu-me um leve beijo no lado direito do meu rosto, o que me fez estremecer.
- Até amanhã David. - disse ainda um pouco atordoada.
Ele sorriu e virou-se e dirigiu-se até ao seu carro que estava um pouco mais afastado do meu. Entrei no meu e dirigi-me para casa, com o David sempre na minha cabeça.
- Como ele é lindo... - disse num sussurro e suspirei.
Quando cheguei em casa, a Daniela já estava acordada e queria saber onde eu fui. Fiquei sem saber o que dizer, mas acabei dizendo que tinha ido até ao centro comecial ver lojas, e antes que ela me fizesse mais perguntas fui para o meu quarto tomar banho.
Tomei um banho rápido, vesti o pijama e fiquei no meu quarto a pensar em tudo o que tinha acontecido na minha vida nos últimos tempos. Não conseguia mesmo parar de pensar no David. Passado algum tempo, a Daniela foi ao meu quarto chamar-me pois já era hora do jantar e ela tinha-o preparado. Comemos entre muita animação e, felizmente, a Daniela não falou mais no assunto de eu ter saído sem lhe dizer nada. De seguida ainda ficámos na sala a conversar, eu estava bastante ansiosa para o meu primeiro dia de aulas na faculdade. Depois de muita conversa fui-me deitar. Algo me dizia que o dia de amanhã iria ser mais longo do que eu imaginava... ou então não.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Capitulo 16 - Você é complicada porque você se complica !

Entrámos no carro e eu logo comecei a falar enquanto a Daniela ligava o carro.
- Olha que cena foi aquela lá nos camarotes? Porquê que saís-te e deixaste-me lá com o David?
- Eu não tive nada a ver com isso... Chamaram-me, queres o que?! - disse e soltou uma gargalhada.
- Ó, tu percebeste porquê que eles te chamaram! - afirmei com um ar chateado.
- Epá, não faças filmes. Foi por uma boa causa... Tu e o David precisam de falar.
- Daniela não temos nada que falar, foi só um beijo mais nada... - afirmei tentando me convencer.
- Vocês estão a ficar apanhadinhos um pelo o outro, Bia. Já viste bem como o David olha para ti? - perguntou tirando os olhos da estrada, encarando-me.
- Olha para a estrada! - ordenei-lhe e ela assim o fez soltando uma leve gargalhada - E nós não estamos a ficar apanhadinhos... Nós somos só amigos!
- Os amigos não se beijam. - afirmou sorrindo.
- Epá, aquilo foi só um beijo... Foi só uma coisa de momento, e não volta a acontecer! - disse um pouco cabisbaixa.
- Ai não?! Então vamos ver se não!
- Não vai voltar a acontecer mesmo! E se tu fazes mais alguma coisa para eu e o David ficarmos sozinhos ou para nós conversarmos... Ou se mandas mais alguma das tuas boquinhas, eu chateio-me a sério contigo ! - ameacei-a convicta.
- Sim, sim chefe! - cedeu rindo-se.
Continuámos o resto do caminho em silêncio até chegarmos ao restaurante. Chegámos praticamente todos ao mesmo tempo. A Daniela estacionou o carro ao lado do carro do Rúben, e saímos imediatamente do veiculo. Fomos ter com o resto do pessoal, entrámos no restaurante "Recato da Bahia" e dirigimo-nos para a mesa reservada e sentámo-nos todos. Eu fiquei entre a Andreia e a Daniela, de frente para o David. Não demorou muito até um empregado vir nos atender e fizemos os nossos pedidos. O empregado retirou-se, e enquanto esperávamos pelos nossos pedidos, conversámos animadamente sobre o jogo e sobre o Benfica. Eu e o David trocámos vários olhares intensos que chegavam a deixar-me sem jeito. Entretanto o empregado chegou, e nós rapidamente começámos a comer, mas sempre entre muitas brincadeiras e conversas.

***

O serão estava a ser muito agradável. Havia bastantes conversas paralelas, os homens normalmente estavam a falar de futebol e as mulheres a falar de moda. E entre tanta conversa eu e o David continuávamos a olhar um para o outro. Eu não conseguia deixar de admirá-lo. Aqueles caracóis rebeldes caindo-lhe pela face e aquele sorriso de menino, dava-lhe um ar tão irresistível, que era impossível não reparar nele. O jantar decorria alegremente, até que o Luisão teve a brilhante ideia de irem tocar pagode, e pelo que eu percebi os donos não se importaram pois adoravam e o que mais se encontrava ali eram brasileiros. Então, entre muita animação começaram a tocar, e enquanto uns tocavam, outros dançavam animadamente e outros conversavam. Eu estava sentada numa das mesas da esplanada, a falar com a Andreia e com a Brenda que me estavam a contar brincadeiras e traquinices dos seus filhos, até que entretanto chegou o David, e os nossos olhares trocaram-se intensamente e elas aperceberam-se.
- Bem eu vou lá para dentro que aquilo está bastante animado. - informou a Andreia.
- Eu vou com você. - disse a Brenda e levantaram-se rapidamente e saíram, deixando-me sozinha com o David.
- Oi. - cumprimentou o David um pouco envergonhado.
- Olá. -  sorri levemente.
- Posso sentar? - perguntou apontando para a cadeira.
- Claro, estás a vontade. - disse sorrindo e o David retribuiu, e sentou-se.
- Então cê gostou do jogo?
- Gostei muito! Vocês estiveram muito bem, e já agora parabéns pela vitória!
- Obrigado. - agradeceu com um grande sorriso - Cê quer ir dançar?
- Eu? Dançar? Esquece lá isso. - ri-me ligeiramente - Mas posso ir e fico a ver-te a dançar.
- Ah, vem dançar! Eu te ensino!
- Não, é melhor não. - retorqui e ri-me ligeiramente lembrando-me do desastre que sou a dançar.
- Ah, 'tá bom então. - disse com um ar conformista, soltando um leve sorriso.
Sorri ligeiramente e nesse exacto momento os olhos do David prenderam-se nos meus. Consegui perceber que ele me queria dizer alguma coisa mas não sabia como. Estava na esperança que ele não falasse sobre o nosso beijo, porque eu não sabia bem o que ia dizer e não sabia bem o que aquele beijo tinha significado. Só tinha a certeza que eu não podia ter nada sério com o David, pois, apesar dele ser um jogador de fotebol, não queria ter a minha vida estampada numa revista como conquista do mês dele, e também eu não acredito muito em relações com jogadores de futebol, apesar de achar o David uma pessoa fantástica. Mas a qualquer momento ele pode ser vendido para outro clube e depois íamos acabar por nos separar, e também eu não sou de me apaixonar. Isso comigo não acontece, e se as coisas ficarem sérias eu iria acabar por magoar o David e ao magoá-lo, ia-me magoar também. Mas porquê que eu estou a pensar nisso?! O David nunca se vai interessar por mim, para ele deve ter sido só um beijo, eu é que estou a pôr problemas onde não existem...
E assim permanecemos num silêncio que apenas se fazia ouvir a música de fundo vinda de dentro do restaurante. Estávamos completamente perdidos nos olhos um do outro, não sei dizer ao certo quanto tempo, mas sei que foi tempo suficiente para se tornar um pouco constrangedor.
- Bia, a gente precisa conversar ... - disse finalmente quebrando o silêncio.
- Sobre o quê? - perguntei fazendo-me um pouco de desentendida.

- Não temos que conversar sobre isso, foi só um beijo...
- Bia me desculpa... Eu só te beijei porque pensei que você também queria... - disse a arrastar um pouco a voz, um pouco desiludido.
- David, vamos esquecer isso é melhor. - pedi fixando os olhos no chão.
- Esquecer porquê? A gente não se pode conhecer melhor? - perguntou um pouco receoso.
- David, eu sou complicada... - confessei soltando um suspiro.
- Você é complicada porque você se complica ! - afirmou calmamente e agarrou-me na mão - Olha p'ra mim... - pediu com uma voz doce e eu assim o fiz - Eu não quero estragar a nossa amizade, mas eu quero te conhecer melhor.
- Mas eu ... - fui interrompida por alguém a entrar na esplanada.
- Bia, preciso falar con... - calou-se ao perceber que estávamos a meio de uma conversa - Desculpem, eu falo contigo depois. - disse um pouco atrapalhado.
- Não, Ruben. - disse e soltei a minha mão da do David - Podes falar... Passa-se alguma coisa? - perguntei levantando-me.
- A sério, eu falo contigo depois...
- Fala agora Ruben. - insisti pois não queria continuar aquela conversa com o David, pois não sabia o que lhe dizer.
- Eu vou deixar vocês falarem ... - disse o David levantando-se e dirigindo-se à porta.
Antes que eu o Ruben pudéssemos dizer alguma coisa e antes do David sair, a Daniela entrou muito animada na esplanda.
- David! Estava mesmo à tua procura! Ensina-me a sambar ! - pediu um pouco eufórica.
Ela nem esperou uma resposta do David e puxou-o para dentro do restaurante. Eles sairam muito rapidamente, e a Daniela estava bastante animada. Mas com a mesmo rapidez que sairam a Daniela voltou.
- Vocês não vêm?! Aquilo está fantástico! - afirmou soltando uma grande gargalhada e voltou a entrar para dentro do restaurante.
- Ok... o que se passa com ela? - perguntei confusa.
- Ela já bebeu um bocadinho a mais do que devia. - disse o Ruben a rir-se.
- Ah ok... Isso explica aquela euforia toda... - ri-me também. - Mas o quê que querias falar comigo? - acabei por perguntar.
- Sabes que a Daniela faz anos daqui a uma semana n'é? - disse com um grande sorriso e nem esperou pela minha resposta, pois era óbvia. - Então estava a pensar fazer-lhe uma festa surpresa.
- Acho uma óptima ideia. - concordei - Ela disse-me que não ia fazer festa porque estava sem paciência... Por isso uma festa surpresa é uma excelente ideia!
- Ela também me disse isso, por isso é que eu tive essa ideia. Mas olha vou precisar da tua ajuda!
- Claro, em tudo o que tu precisares.
- Então é assim: eu preciso que fales  com os amigos dela da faculdade e eu falo com o pessoal do plantel. - disse calmamente.
- Pois... Isso vai ser complicado, porque eu não conheço os amigos dela da faculdade. - informei e comecei a pensar numa maneira de falar com os amigos dela, e rapidamente veio-me à cabeça o Lucas, pois ele conhecia os amigos dela de certeza - Ah, mas já sei como isso se resolve. Deixa comigo! - assegurei-lhe sorrindo.
- Óptimo então ! Eu falo com o pessoal do plantel ... - disse sorridente.
- Ok, e onde vai ser a festa, já pensas-te nisso?.
- Já... E vai ser na minha casa... O que achas? - perguntou um pouco receoso.
- Acho fantástico!
- Ainda bem! Olha eu peço o teu número ao David e depois combinamos alguma coisa para falarmos melhor, é porque aqui não dá muito jeito e tenho alguns pormenores para tratar e preciso da tua ajuda! E só temos uma semana!
- Ok, então depois liga-me e combinamos... - disse e a Daniela entrou novamente na esplanada.
- Pessoal, andem! O David já me ensinou a sambar, eu sou mesmo boa! - disse alegremente e voltou a sair e eu e o Rúben rimo-nos das figuras que a Daniela estava a fazer.
- É melhor nós irmos! - disse ainda a rir-me.
- Sim, é melhor! E Bia, desculpa!
- Pelo quê? - perguntei confusa.
- Por ter interrompido a tua conversa com o David...
- Não interrompeste nada. - disse sem o encarar.
- Interrompi sim... Vocês estão mesmo a gostar um do outro... - disse com um sorriso ligeiramente matreiro no rosto.
- Ruben, cala-te! - disse um pouco chateada.
Entrei para dentro do restaurante e o Ruben seguiu logo atrás de mim. Lá dentro estava bastante animado. Algumas pessoas já estavam um pouco "alegres" mas a Daniela era a que mais se destacava. Aquela animação continuou noite dentro, mas eu não estava por dentro dela de todo e reparei que o David também não. Nós trocámos alguns olhares, mas não falámos durante o resto da noite. Senti que ele ficou um pouco chateado com a nossa conversa tendo em conta que eu "fugi" dela.
O tempo foi passando e chegou finalmente a hora de ir embora, mas a Daniela não queria ir, dizia que queria se "divertir" mais, mas depois de muita insistência consegui convencê-la e o Ruben ajudou-me a levá-la até ao carro. Despedi-me dele e do resto do pessoal e troquei um olhar intenso com o David, e de seguida entrei para o carro. Fui a conduzir, já que a Daniela não estava em condições de o fazer. Durante o caminho ela foi a resmungar mas eu nem lhe liguei, pois estava perdida em pensamentos. Aquela conversa com o David deixou-me um pouco "perturbada" e ainda mais confusa do que já estava. Chegámos finalmente em casa, e um pouco a custo levei a Daniela para o seu quarto, e esta atirou-se logo para a cama e acabou por adormecer rapidamente. Logo de seguida fui para o meu quarto, mudei de roupa e fui até à casa de banho, onde tirei a maquilhagem e lavei os dentes. Deitei-me na minha cama, e fiquei algum tempo a olhar para o tecto, e imediatamente a imagem do David veio-me novamente à cabeça. Aquilo já se estava a tornar um hábito. Lembrei-me do nosso jantar, do dia em que eu fui ver o treino dele... Ele é sempre tão querido... Lembrei-me do sorriso de menino dele, que desde que o conheci não consigo tirar da cabeça, lembrei-me do nosso beijo... E que beijo! Esse beijo tem me deixado completamente atormentada, o David tem me deixado completamente atormentada! Eu querendo ou não tenho que admitir que ele mexe comigo e que aquele beijo não me foi indiferente, mas não pode haver nada entre nós... Nós somos de mundos completamente diferentes, e nunca iria resultar! E entre muitos pensamentos, o cansaço acabou por apoderar-se de mim e eu acabei por adormecer.

sábado, 4 de junho de 2011

Capitulo 15 - Cantinho do caracol

Acordei e olhei para o visor do meu telemóvel, que estava em cima da minha mesa de cabeceira, e foquei no pequeno relógio que se encontrava no canto superior da tela que marcava as 9h07. Ainda era muito cedo para estar acordada a essa hora à um sábado, mas não tinha sono. Por isso limitei-me a ficar na cama a olhar para o tecto e imediatamente a imagem do David veio-me à cabeça. Não sabia o que se estava a passar comigo... Nunca me tinha sentido assim, sentia-me confusa mas incrivelmente bem, sentia-me muito bem! Aquele beijo não me saia da cabeça; o David não me saia da cabeça! Aquele sorriso de menino, aqueles olhos lindos e aqueles caracóis super fofinhos, eram imagens que estava bem presentes na minha mente, e davam indícios de não saírem de lá tão cedo. Um sorriso enorme aflorou-me no rosto, por causa dos meus pensamentos, mas rapidamente esse sorriso foi substituído por uma expressão de dúvida. Lembrei-me do jogo, lembrei-me que hoje ia estar com o David e isso não era mau, aliás era muito bom, mas não sabia como iria ser estar com ele depois do beijo; não sabia como iria reagir, como ele iria reagir... Não sabia se o David teria gostado tanto do beijo como eu, não sabia o que o beijo significou para ele... Um arrepio percorreu-me o corpo juntamente com um sentimento de ansiedade. Fiquei mais alguns estantes completamente perdida em pensamentos receosos e confusos, até que a Daniela entrou disparada pelo meu quarto.
- Miúda, vamos tomar o pequeno-almoço fora? - perguntou-me alegremente, sentando-se na beira da minha cama e rapidamente acordei do transe em que me encontrava.
- Já não se bate à porta? - perguntei chateada, mas foi só para me meter com ela pois tínhamos liberdade para fazer isso uma com a outra, afinal éramos amigas há muito tempo.
- Desculpa, desculpa. Mas vamos ou não? - insistiu com um grande sorriso, estava visivelmente bem disposta.
- Sim pode ser. Mas olha diz-me lá uma coisa, essa boa disposição toda é porque vais ver o teu Rubenzinho? - perguntei só para a provocar.
- Não começes a dizer parvoíces e vai lá te arranjar que eu vou fazer o mesmo, e rápido que eu tenho fome! - disse rapidamente a tentar escapar ao assunto, enquanto se levantava da cama e saia do quarto sem me dar a oportunidade de dizer nada.
- Isso foge, mas vais acabar por admitir que estás completamente apaixonada por ele! - gritei para ela me ouvir.
Ela não me respondeu e eu rapidamente levantei-me da cama e depois arrumei-a. Fui até à casa de banho, tomei um banho rápido e lavei os dentes. De seguida vesti umas calças de ganga preta e uma camisola branca com umas letras também pretas, e calcei umas sabrinas brancas e dei um jeitinho ao cabelo, e logo de seguida a Daniela entrou novamente pelo meu quarto apressada.
- Fogo miúda! Ainda demoras?! 'Tou a morrer de fome!
- Ei tem calma! Já estou pronta, deixa-me só pegar na minha mala. - disse enquanto ia buscar a minha mala que estava em cima da cama.
- Desculpa, sabes como eu sou faminta... - riu-se ligeiramente.
- É por isso que eu acho que tu e o Ruben são feitos um para o outro, vocês os dois estão sempre com fome!
- Cala-te e vamos! - disse fingindo-se amuada.
Eu ri-me descaradamente e de seguida saímos de casa. Fomos no carro da Daniela até um café que ficava relativamente perto da nossa casa - 10 minutos de carro. Quando chegámos reparei no nome do café: "cantinho do caracol" e o David veio-me logo à cabeça. Ri-me ligeiramente com aquela "coincidência".
- Do que te estás a rir? - perguntou-me curiosa.
- Nada. - respondi recompondo-me.
- É do cantinho do caracol? - perguntou e riu-se - Eu trouxe-te aqui exactamente por isso.
- Não sejas parva! Não eras tu que estavas com fome?! Então vamos entrar e comer! - entrei para dentro do café, enquanto a Daniela continuava-se a rir.
A Daniela veio logo atrás de mim e sentámo-nos numa das mesas que estavam vagas e logo de seguida uma senhora que aparentava ter uns 55 anos, muito simpática, veio-nos atender. Fizemos os nossos pedidos e a senhora não demorou muito a trazê-los e imediatamente começámos a comer.
- Estás nervosa? - perguntou-me, trincando o seu pão de leite misto de seguida.
- Do que estás a falar? - questionei confusa dando um gole no meu compal de manga.
- Do jogo... Se estás nervosa para jogo? - percebi que ela não estava a falar do jogo mas sim do David, mas eu continuei a fazer-me de desentendida.
- Não, eu não costumo ficar nervosa por causa de futebol, deixo isso contigo! - disse descontraidamente.
- Oh não estou a falar do jogo, mas sim do David. Vocês têm que falar Bia! - aconselhou-me com uma cara séria.
- Daniela eu não sei... Foi só um beijo, não sei o que significou para o David. - disse com uma voz um pouco triste.
- Eu sinceramente acho que vocês estão a começar a gostar um do outro, e se eu bem conheço o David ele não te ia beijar só por beijar, por isso acho mesmo que deviam falar. - disse com um leve sorriso.
- Oh Dani, eu agora não quero pensar nisso, ainda falta muito para o jogo por isso logo se vê.
- Tu é que sabes ...
Continuámos a comer e quando terminámos, pagámos e voltámos para casa. Ficámos o resto da manhã a ver televisão e a conversar animadamente. Depois fizemos o almoço, comemos e voltámos para a sala e vimos um filme, enquanto a Daniela falava do Ruben e do David e todos os momentos que já teve com eles e com alguns membros do quartel do Benfica, e também falou de como ela ficou tão amiga do Ruben. Quando ela pronunciava o nome dele, os olhinhos dela brilhavam. Eu não tinha a mais pequena dúvida de que ela estava apaixonada por ele e também achava que ele estava apaixonado por ela, mas eles são demasiado cabeças-duras para o admitir. E assim passámos a tarde entre muita conversa, até que fomos nos arranjar para o jogo. Eu fui para o meu quarto e a Daniela foi para o dela. Não sabia bem o que vestir, por isso decidi ir tomar um duche primeiro e depois eu via o que haveria de vestir. Tomei um duche rápido, enrolei-me na toalha e abri o armário à procura de alguma roupa que fosse do meu agrado. Depois de muito tempo a olhar para as minhas roupas, acabei por escolher uma coisa simples mas bonita. Sequei o cabelo e estiquei-o de modo a ficar um pouco ondulado, maquilhei-me ligeiramente e passei as coisas da minha mala para outra mala que ficava melhor com a minha roupa. Guardei tudo na mala, e quando estava a dar uma última olhadela ao espelho, ouvi alguém a bater à porta. Achei estranho pois só podia ser a Daniela e ela não costuma bater a porta.
- Entra! - disse rapidamente.
- Hello gata. - a Daniela entrou muito animada.
- Eláá... Aprendeste bons modos foi? Agora já bates às portas! Muito bem Daniela, agora deixaste-me orgulhosa. - impliquei com ela.
- Não te habitues, foi só para gozar! Mas vá, já estás pronta? - perguntou-me com um grande sorriso.
- Tu és mesmo parva! Sim, estou pronta. - disse agarrando na minha mala.
- Estou a ver que sim... Isso é tudo para o David? - perguntou olhando-me de cima a baixo.
- Epá, vamos? -  saí do quarto e ela veio atrás de mim.
- Vamos. - disse a sorrir - Eu conduzo! - afirmou tirando as chaves do seu carro da mala.
- Não, eu conduzo, está mesmo a apetecer-me! - retorqui com um leve sorriso.
- Eu conduzo e se te portares bem deixo-te trazer o meu bolinhas na volta!
- Fogo és mesmo chata! Logo hoje que me está a apetecer conduzir, não me deixas. - fiz beicinho, tentando convencê-la.
- Oh não amues, riqueza! Não ficas nada sexy assim! - gozou comigo.
- Cala a boca e vamos. - abri a porta e saí de casa.
Ela riu-se e saiu atrás de mim fechando a porta. Dirigimo-nos até ao carro dela, entrámos e fomos directas para o estádio da luz. Chegámos e ainda faltava algum tempo para o jogo começar. Saímos do carro e dirigimos-nos para os camarotes, e antes de entrarmos lá deu-me um frio na barriga e eu parei a minha caminhada, e a Daniela também, olhando para mim um pouco intrigada.
- Está tudo bem?
- E se ele tiver lá, Dani? - perguntei com um certo nervosismo na voz.
- Falas com ele. - respondeu fazendo um grande sorriso - Agora respira fundo e vamos. - puxou-me levemente sorrindo.
Entrámos nos camarotes e o meu coração gelou, e a primeira pessoa que eu avistei foi o David. Ele estava a conversar com o Ruben, com o Luisão e com o Fábio. Naquele mesmo instante, o Ruben reparou na nossa chegada e o David também, e trocámos um olhar intenso que me fez tremer. O Fábio e o Luisão sorriram e acenaram-nos com a mão, e eu desviei o olhar do David e acenei-lhes também, e a Daniela fez o mesmo. Enquanto isso o Ruben e o David dirigiam-se até nós.
- Olá meninas! - cumprimentou-nos o Ruben muito alegre.
- Olá. - respondemos num uníssono perfeito.
- Vocês estão lindas! - elogiou-nos o Ruben e nesse momento o David olhou para mim e sorriu.
- Oi. - disse num tom de voz baixo e receoso, diringido-se a mim.
- Olá. - cumprimentei-o fazendo um leve sorriso tímido.
Eu e o David olhámo-nos nos olhos e ficámos assim durante alguns segundos, até que a Daniela interrompeu-nos.
- Olá para ti também David ! - disse num tom irónico.
- Oi Dani! Tudo bem com você? - disse em tom de brincadeira como se estivesse a tentar desculpar-se por tê-la ignorado.
- Sim e contigo? - disse entrando na brincadeira dele.
- Também. Sabe o Ruben tava com saudades suas! - disse e o Ruben corou ligeiramente.
- Pois e vejo que tu estavas com saudades da Bia, desde que ela chegou não tiraste os olhos dela ! -  afirmou com um grande sorriso.
Senti-me corar ligeiramente, mas antes que o David pudesse dizer alguma coisa, o Fábio, que agora já estava agarrado a Andreia e a Brenda que estava com o Luisão, interromperam.
- Ruben anda cá! - gritou o Fábio.
- E cê também Daniela! - pediu a Brenda.
O Luisão e a Andreia tentaram rir discretamente mas não conseguiram. A Daniela e o Ruben trocaram um olhar intenso e eu percebi que eles só os chamaram para deixar-nos sozinhos.
- Nós vamos lá. - avisou o Ruben.
A Daniela sorriu e eles foram de encontro ao Fábio, à Andreia, ao Luisão e à Brenda. Eu e o David ficámos sozinhos, e nesse momento eu olhei para ele, e ele estava a olhar para mim, o que me deixou sem jeito. Ficámos escassos segundos a olhar-nos nos olhos até que eu resolvi quebrar o silêncio.
- Eles são mesmo parvos! - disse soltando um leve sorriso.
- Pois são! - concordou calmamente.
- Estás nervoso para o jogo?
- Só um pouquinho, dá sempre aquele nervosismo mas quando entramos no campo passa. - respondeu fixando-se nos meus olhos.
- Pois é. - disse também olhando-o nos olhos.
Ficámos algum tempo assim, a olhar nos olhos um do outro, em silêncio e a tentar decifrar a expressão um do outro que se encontravam indecifráveis naquele momento. Aquele silêncio estava-se a tornar desgastante até que ele o quebrou.
- Bia, a gente precis... - Mas antes que ele pudesse acabar a frase o Ruben interrompeu-o.
- David, o mister 'tá a chamar. Temos que ir meu.
- 'Tou a ir manz. - desviou o olhar para ele e olhou para mim novamente - Eu tenho que ir... - avisou-me um pouco desiludido.
- Sim, vai lá. - Foi a única coisa que eu consegui dizer.
O David virou-me costas e eu não resisti em chamá-lo.
- David...
- Oi?
- Boa sorte para o jogo! - desejei-lhe dando-lhe um leve beijo no rosto.
- Obrigado. - disse com um lindo sorriso de menino nos lábios ao qual eu retribui-lhe.
Depois disso o David virou-me costas e foi ter com o resto dos jogadores que depois foram todos para dentro dos balneários, e entretanto a Helena aproximou-se de mim.
- Hola guapa! - cumprimentou-me com um grande sorriso.
- Hola, te ves muy hermosa! - elogiei-a com um grande sorriso.
Eu safava-me muito bem no espanhol, pois já fui muitas vezes com os meus pais passar férias em Espanha.
- Gracias! Hay algo entre usted y David? Me di cuenta de cómo usted fuera a mirar el uno al otro. - constatou com um belo sorriso.
- No, no. Sólo somos amigos. - disse um pouco atrapalhada.
- Creo que le gustas usted! - afirmou convicta.
- Sólo somos amigos. - afirmei mais uma vez - Cuando te casaste con el javi? - perguntei em tom de brincadeira só para mudar de assunto, pois não queria falar muito sobre o David.
- No lo sé. Espero que sea pronto. - respondeu também em tom de brincadeira.
Ficámos mais alguns minutos a conversar. A Helena era portadora de um simpatia enorme, e por isso nós estávamos a tornar muito amigas.  Entretanto os jogadores entraram em campo, nesse momento o meu olhar e o do David cruzaram-se, e ele sorriu genuinamente, e eu retribui-lhe. Os jogadores fizeram o aquecimento e o jogo começou. Eu só me conseguia concentrar no David, que por acaso estava a fazer um excelente jogo. O jogo estava a ser renhido, mas aos 25 minutos do segundo tempo, o Javi Garcia marca um golo, ao qual dedica a Helena que fica completamente babada. E esse foi o resultado do jogo até ao fim. Depois terminado, fomos para sala de espera dos jogadores e estes demoram um eternidade para sair de lá. Foram saindo uns atrás dos outros, até que saiu o David acompanhado por outros jogadores. Eles saíram muito animados e a comemorar a vitória, mas quando os olhos do David cruzaram-se com os meus, esses prenderam-se a mim e ele faz-me um sorriso que me deixou completamente derretida. Retribui-lhe o sorriso e juntaram-se todos os que iam ao jantar de comemoração. E depois de os felicitar pelo jogo, combinámos tudo, decidimos ir cada um nos seus respectivos carros e encontrávamos todos no restaurante. Depois disso dirigimo-nos para o estacionamento, todos muito animados e falar bastante, mas eu e o David íamos em silêncio, apenas trocando alguns olhares. Chegámos e cada um foi para o seu carro e eu fui com a Daniela, e ainda bem porque eu precisava de ter uma conversinha com ela...
Eu estava nervosa, sem saber o que iria correr naquele jantar...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Capítulo 14 - Tu tomas banho?!

Acordei com os raios de sol a entrar pelos buraquinhos dos estoires e a baterem no meu rosto. Não passava muito das 9:00 horas, mas já não me apetecia ficar na cama, e por isso levantei-me e fui tomar banho e vestir uma roupa fresca pois o dia estava bastante quente. Despachei-me rapidamente e fui para sala ver um pouco de televisão. Quando ia agarrar no comando da televisão, a imagem do meu beijo com o David, veio-me à cabeça, mas não queria pensar muito nisso. Acho que não me queria iludir, afinal foi só um beijo... Por isso decidi ir acordar a Daniela para ver se me distraia. E assim o fiz, fui até ao quarto dela e entrei, e ela ainda estava ferrada a dormir.
- Bom dia gorda! - disse saltando para cima dela.
- Ai Bia! Acordas-te com as galinhas?! - disse chateada mas sem abrir os olhos.
- Eish, já devem ser p'raí umas 10:00 horas! - informei-a em tom de brincadeira.
- Epá! Isso ainda é muito cedo para quem 'tá nos últimos dias de férias! - disse com uma voz mais elevada permanecendo com os olhos fechados.
- Oh cala-te e levanta-te! Ou não me digas que essa resmunguisse toda é porque te acordei e tu estavas a sonhar que tavas quase, mas mesmo quase a beijar o teu Rubenzinho. - disse a gozar com ela.
- Epá queres ver que eu vou ter que me chatear hoje?! - disse com uma voz zangada, abrindo os olhos e sentando-se na cama.
- Desculpa, desculpa. Não era a minha intenção atrapalhar o teu sono. - redimi-me num tom sério mas logo de seguida não consegui conter uma leve risada.
- Bia, pára! - ordenou elevando a voz.
- Bia, pára! - imitei-a em tom de brincadeira fazendo uma voz muito mais fina que a dela.
- Epá não me chateies! - disse irritada - O que é que tu queres?
- Quero a minha melhor amiga de pé para vir tomar um pequeno almoço comigo! - disse fazendo um grande sorriso.
- Tu amas-me tanto. - disse soltando um suspiro.
- Só um bocadinho. - sorri - Anda, levanta-te! - puxei-a.
- Acho que o beijo com o caracolinhos ontem, afectou-te o cérebro. - disse fazendo uma cara chateada.
- É que nem te vou responder!
Fomos para cozinha e fizemos o nosso pequeno almoço. Comemos entre brincadeiras e provocações, o que nos fez demorar um pouco mais, e de seguida arrumámos a cozinha.
- Agora vou tomar um banho chata. Já venho! - avisou-me saindo da cozinha.
- Tu tomas banho?! - disse só para a chatiar e a Daniela voltou para trás.
- Beatriz Filipa Rodrigues Moreira, hoje estás muito engraçadinha!
- Fogo, não era preciso dizeres o meu nome todo, alguém ainda te ouve. - disse fazendo uma cara séria e ela riu-se e voltou a sair da cozinha.
Fiz o mesmo e fui para sala, e sentei-me no sofá. Ouvi um telemóvel a tocar, era o da Daniela que estava em cima da pequena mesa que ficava no centro da sala. Levantei-me rapidamente, agarrei no telemóvel e fui até à porta da casa-de-banho.
- Feia, o teu telemóvel 'tá a tocar! - disse um pouco mais alto para ela ouvir.
- Quem é?
Olhei para o visor do telemóvel e vi "Ruben a chamar ...".
- Olha é o teu Rubenzinho, deve tar com saudades! - informei-a a gozar com ela.
- Estúpida, atende rápido e não digas disparates!
Ri-me e fiz o que ela pediu.

"Ruben"

Estava em casa a jogar playstation enquanto esperava pelo mano que ia almoçar comigo. Eram mais ou menos 11:00 horas quando ele chegou. Combinámos mais cedo para podermos falar um pouco, pois ontem ele estava estranho mas não deu para nós falarmos muito pois estávamos a "animar" o meu irmão que estava muito deprimido por causa do fim do relacionamento dele, mas reparei que o David estava noutro mundo. Ele chegou e eu fui abrir a porta.
- E aí manz, tudo bom? - cumprimentou-me depois que eu abri a porta.
- Tudo mano, entra aí! - ordenei-lhe e ele entrou.
- O que que 'cê tava fazendo?
- Estava a viciar. - disse sentando no sofá e ele fez o mesmo.
- Incrível, 'cê passa a vida jogando e nunca consegue me ganhar. - disse provocando-me.
- Tu sabes que eu jogo melhor que tu, só que para não te ver magoado deixo-te ganhar algumas vezes. - disse com uma cara séria.
- Ah 'tá bom. - disse rindo-se.
- Epá, não vamos começar com isso. Diz lá o que aconteceu ontem para 'tares estranho?
- Nada, eu não 'tava estranho não, impressão sua! - desvalorizou a situação.
- Meu, eu conheço-te. O que é que se passou? - insisti.
- Eu ontem à tarde saí com a Bia... - acabou por dizer um pouco triste.
- Então foi por isso que quando me atendeste o telemovel ontem estavas estranho. - disse e sorri ligeiramente.
- Pois... - afirmou desanimado.
- Mas o que é que aconteceu para 'tares assim?
- Então a gente foi beber um café, decimos ir jogar bowling e depois quando a gente 'tava indo embora rolou um clima e eu beijei ela! - disse um pouco triste.
- Ché puto eu sabia que 'tavas a gostar da miuda, mas porquê essa cara?
- Porque depois que a gente se beijou, 'cê ligou e ela não disse mais nada. Acho que ela ficou chatiada...
- Oh meu, 'tás a fazer uma tempestade num copo d'água. Se calhar ela não estava à espera que tu lhe beijasses! - disse calmamente.
- Talvez cê tenha razão. - disse e sorriu ligeiramente.
- É claro que eu tenho razão! Tu é que não percebes nada de mulheres pá! - brinquei um pouco.
- Percebo mais que você ! Mas 'cê não sabe se a Daniela vai ver o jogo amanhã?
- Ela disse-me que ia.
- E sabe se a Bia vai com ela? - perguntou receoso.
- Não sei, mas deve ir. - ri-me.
- Cê acha?
- Sim, mas queres que eu ligue à Daniela para confirmar?
- Deixa p'ra lá, 'cê vai fazer besteira.
- Não vou nada! Só vou perguntar se elas vão amanhã ou não.
- Liga então. Mas vê lá o que cê fala. - disse com uma cara séria.
- 'Tás mesmo apanhadinho! - gozei com ele enquanto agarrava no telemóvel.
O David não disse mais nada, apenas sorriu. Marquei o número da Daniela, mas estava a demorar a atender. Ao fim de muitos toques, atendeu.
- Finalmente, 'tava a ver que não! - disse um pouco impaciente.
- Olá para ti também! - aquela voz era-me familiar mas não era a voz da Daniela.
- Quem fala? - perguntei um pouco intrigado.
- Sou eu, a Bia! - informou-me.
- Ah Bia és tu! - disse e o mano olhou para mim e arregalou ligeiramente os olhos.
Ri-me, aquele gajo estava mesmo a ficar apaixonado por ela.
- Sim, foi o que eu acabei de dizer! -  riu-se.
- Então, 'tá tudo bem contigo?
- Sim e contigo? - perguntou-me educadamente.
- Sempre! A Daniela? - perguntei curioso.
- Está a tomar banho e pediu-me para atender o telemóvel. - explicou-me - Queres lhe deixar algum recado?
- Não, era só para saber se ela vai ao jogo amanhã. - disse calmamente.
- Sim ela vai. - confirmou.
- E tu vai com ela? - perguntei e o mano olhou para mim receoso.
- Sim, ela é chata e convenceu-me a ir! - riu-se ligeiramente.
- Ainda bem que vais ... - o David fez um grande sorriso - Sabes acho que nesse jogo o defesa-central vai 'tar mais motivado. - completei só para provocar e o David olhou para mim com um olhar de morte.
- Pois, mas acho que quem vai jogar melhor és tu já que vai lá estar a tua Danizinha! - provocou-me também.
- Ai mau mau, 'tou a ver que vou ter que me chatear. - disse com uma voz zangada.
- Tu é que começaste. - riu-se.
- Eu só disse a verdade, mas bem era só isso...
- Ok, então xau! - despediu-se.
- Xau. - despedi-me também.
- Ruben! Ruben! Ruben! - chamou-me rapidamente antes que eu desligasse.
- Sim, diz...
- Eu não me esqueço de mandar beijinhos teus à Daniela ! - disse rindo-se.
- Eu também não me esqueço de mandar beijinhos teus ao David, a não ser que queiras ser tu a dá-los ! - disse provocando-a também, e o David olhou para mim um pouco admirado e eu ri-me.
- Olha, xau! - disse um pouco chatiada.
- Xau. - disse ainda a rir-me.
Desligámos a chamada e o mano estava a olhar para mim com um ar chatiado.
- Cê é mesmo um babaca!
- Tem calma meu, ela vai lá estar por isso tens que jogar bem para impressionares a miúda! - disse a gozar um pouco com ele.
- Cê é que tem que imprecionar a Daniela, é que isso 'tá demorando demais p'ra ir p'ra frente!
- Tu é que és rapido de mais! - provoquei-o.
- Eu nem te vou responder! - disse chatiado.
- Mas diz lá uma cena, ela beija bem? - provoquei-o mais uma vez.
- Se cê não fosse meu amigo eu já tinha te partido a cara! - disse num tom sério e eu não resisti e ri-me.
- Diz lá meu, a sério... Ela beija bem ou não?
- Muito bem... - desabafou com um grande sorriso nos lábios.
- 'Tás mesmo apanhadinho. - disse a rir-me.
- Acho que eu 'tou mesmo ficando amarradão nela... - confessou sorrindo.
Continuámos a falar animadamente, apesar do David estar um pouco perdido nos seus pensamentos. Acho que ele está mesmo a ficar apaixonado, e eu fico feliz por ele, há muito tempo que não o via assim, e acho que a Bia é uma excelente pessoa, também só podia... Ela é amiga da "minha Danizinha" como a Bia disse. Depois de muita conversa e de um joguinho na playstation, fomos almoçar e depois fomos para o treino. Era o ultimo treino antes do jogo, por isso treinámos a nossas tácticas e ouvimos as últimas indicações do mister. O jogo de amanhã vai ser puxado.

"Bia"

Desliguei a chamada com uma pergunta a pairar na minha cabeça: será que o David contou ao Ruben do nosso beijo? Deve ter contado, afinal eles são melhores amigos. Tentei não pensar muito nisso e fui para a sala. Passado algum tempo a Daniela foi lá ter.
- O que o Ruben queria? - perguntou-me curiosa.
- Queria saber se ias ao jogo amanhã... - respondi calmamente.
- Isso é estranho, porque eu já lhe tinha dito que ia . - disse com um ar pensativo.
- Oh então isso foi a única desculpa que ele arranjou para ouvir a tua voz. - disse a pica-lá.
- Não sejas parva! - disse atirando-me com uma almofada.
- Au! Eu só disse a verdade, mas pronto. O que me dizes de irmos almoçar ao colombo? - sugeri.
- Por mim é na boa!
- Óptimo! Preciso de fazer umas comprinhas! - sorri.
- Então 'bora?
- Sim, deixa-me só buscar a minha mala.
Levantei-me e fui até ao quarto buscar a minha mala, e de seguida voltei à sala e saímos. Decidimos ir no meu carro, e assim o fizemos. Não demorámos muito até chegar o colombo. Fomos comer e eu fui fazer as minhas comprinhas, e a Daniela aproveitou e fez umas para ela também. Quando terminámos, voltamos para casa e passámos o resto da tarde deitadas no sofá a falar e a ver televisão. A Daniela ainda tentou falar um pouco do David mas eu mudava sempre de assunto. A verdade é que não queria pensar muito nele, estava demasiado confusa. Decidimos pedir uma pizza para o jantar, pois não me apetecia ir fazer o jantar. Depois de comermos a pizza, fomos jogar um pouco de singstar. Nós não cantávamos maravilhosamente bem, mas até nos safavamos. Ficámos muito tempo a jogar, e eu ganhei na maioria das vezes. O cansaço apoderou-se de nós e decidimos ir-nos deitar. Eu fui para o meu quarto e ela para o dela, pus o meu pijama e deitei-me na cama, e aí veio-me logo o David à cabeça. Estava um pouco nervosa por amanhã, como será que eu deveria agir? Como será que ele vai agir depois do que aconteceu? E foi no meio de muitas perguntas e dúvidas, que eu acabei por fechar os olhos e adormecer...

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Beijinhos 

sábado, 14 de maio de 2011

Capitulo 13 - Quem rima sem querer, ama sem saber!

Instantaneamente os meus olhos fecharam-se ao sentir os lábios doces e macios do David a tocarem nos meus. Apesar de desejar muito beijá-lo, ainda tentei resistir pois não sabia o que aquele beijo poderia significar, por isso tentei afastar-me dele encostando-me mais ao carro, mas o David prendeu mais o meu corpo ao dele e o meu coração combateu a lógica do momento e eu não consegui resistir mais e entreguei-me completamente. As nossas bocas estavam unidas e movimentavam-se inconscientemente num beijo muito desejado. Coloquei os meus braços em volta do pescoço dele e as suas mãos rodeavam a minha cintura. O beijo tornou-se mais intenso, era um beijo cheio de paixão, desejo e carinho. Era um beijo apaixonado e apesar de nos conhecermos há pouco tempo, aquele beijo revelava-me uma sensação que nunca tinha sentido e que sinceramente não sabia o que significava. Já estávamos a ficar sem fôlego por isso quebrámos o beijo com outros repinicados nos lábios e ficámos escassos segundos de testas coladas a olharmo-nos nos olhos. O David estava com um expressão indecifrável por isso limitei-me a ficar em silêncio e a aproveitar aquele momento, e assim perdemo-nos nos olhos um do outro até que o momento foi quebrado pelo telemóvel do David a tocar. Ele apressou-se a atender e pelo o que percebi era o Ruben que lhe estava a ligar.
- Alô manz. - atendeu meio sem jeito
...
- O que se passou?
...
- Mas tem que ser agora? - perguntou com uma expressão desiludida
...
- 'Tá bom, eu já vou p'ra ai. Abraço manz! - despediu-se e desligou.
Depois de desligar, o David olhou para mim e eu desviei o meu olhar do dele. Agora não sabia o que fazer, fiquei totalmente sem reacção depois daquele beijo.
- É melhor irmos... - disse sem o encarar.
- Sim, eu te levo. - disse com uma voz um pouco desiludida.
- Obrigada. - agradeci e entrei para o carro e ele fez o mesmo.
A viagem até casa foi feito num silêncio constrangedor. Nenhum de nós sabia o que dizer e o que fazer. Ficámos realmente confusos com o que se passou no estacionamento. Estava complentamente perdida, aquele beijo deixou-me perdida... Não sabia o que sentia por ele, mas o beijo deixou-me mais confusa do que já estava. Nunca tinha beijado ninguém daquela maneira, estava intrigada, queria saber o que significava a sensação que senti quando o estava a beijar. Foi uma sensação tão agradável... Olhei de soslaio para o David e apesar de estar atento à estrada, ele estava com um ar pensativo. O silêncio foi quebrado pelo David quando chegámos ao nosso destino.
- Chegámos... - informou sem me encarar.
- Obrigada. - agradeci e agarrei na minha mala e quando ia sair do carro, a voz do David fez-me parar.
- Adorei a tarde. - disse timidamente.
- Eu também gostei. - sorri e apressei-me a sair do carro.
Entrei no prédio sem olhar uma única vez para trás. Estou tão confusa... Não sabia o que aquele beijo tinha significado para mim, muito menos para o David. Subi pelo o elevador completamente perdida em pensamentos. Cheguei ao meu andar, abri a porta e pousei as chaves na mesa do hall de entrada e dirigi-me à sala onde estava a Daniela.
- Olá gata! Conta-me tudo e não me escondas nada! Como foi com o brasuca? Demoraste imenso para quem foi só tomar um café! - disse entusiasmada e com um grande sorriso.
Não lhe respondi, apenas olhei para ela com uma cara séria, deixei a minha mala cair no chão e sentei-me ao lado dela.
- O que é que se passou? Foi assim tão mal? - perguntou-me com uma expressão já também séria.
- Não, foi bom... Até de mais. - respondi com uma voz mais baixa e deixei escapar um pequeno sorriso.
- Então porquê essa cara? - perguntou confusa.
Não sabia o que lhe dizer. Sabia que se lhe contasse que nós nos beijámos ela ia começar a fazer filmes. Mas eu estava com um nó na garganta, precisava mesmo de desabafar.
- Porque... Bem... Porque nós... - falei sem saber bem o lhe dizer.
- Porquê? Conta-me... O que se passou? - perguntou um pouco impaciente.
- Então nós fomos tomar um café e decidimos ir jogar bowling, e então fomos e no caminho encontrámos uma fãs dele, e ele foi muito simpático para elas! - sorri - Depois jogámos e eu acabei por ganhar-lhe! E quando estávamos já no estacionamento, eu estava a gozar com ele por eu ter ganho e ele disse que eu só ganhei porque ele deixou, mas claro que eu disse que não. E pronto... Depois não sei como, nem porquê... Mas houve um clima e nós beijamos-nos. - disse muito rapidamente.
- O quê?! - perguntou incrédula.
- Sim,foi isso que tu ouvis-te! Nós beijámo-nos! - disse com uma voz um pouco mais alta.
- Ai que máximo! Eu sempre soube que vocês gostavam um do outro!
- Daniela, nós não gostamos um do outro... Foi só um beijo ! - disse pouco convicta.
- Não foi só um beijo! Se fosse só um beijo tu não ficavas assim! Mas e depois, o que ele disse? - perguntou curiosa.
- Nada ! O telemovel dele tocou, ele atendeu, e depois eu disse que era melhor irmos embora e viemos o caminho todo sem dizer uma unica palavra! - disse cabisbaixa.
- Calma, ele devia 'tar digerir tudo... Mas ele beija bem? - perguntou com um grande sorriso.
- Daniela Garcia Cezilio! Eu acho que tu não estás a perceber. - disse pondo as mão à frente dos olhos e respirando fundo - Eu acabo de te contar que eu e o David Luiz beijámos-nos e tu perguntas-me se ele beija bem?! Ó por favor!
- Tem calma Bia! Tu e o David beijaram-se, e qual é o mal? Vocês são livres e desempedidos. - disse calmamente.
- O problema não é esse ... - disse com a voz a arrastar-se.
- Então qual é o problema? Tás apaixonada por ele? Se tiveres isso é optimo Bia!
- Não estou, não quero estar e não vou estar apaixonada por ele! Não faças filme! O problema é que ele é o David Luiz! O menino de ouro do benfica... O homem mais desejado do momento! Ó Daniela, ele é demais... - disse com a voz a tremer.
- Ele pode ser isso tudo, mas também é uma pessoa como as outras. - afirmou calmamente.
- Daniela, aquele beijo de alguma forma mexeu comigo, mas o pior é que eu 'tou com a impressaão que para ele não significou nada! - disse fixado o olhar no chão.
- Eu conheço o David e ele não tem o hábito de beijar uma miuda só por beijar! Se ele te beijou é porque ele queria mesmo fazê-lo. Fogo Bia, tu nunca reparaste na maneira como ele olha para ti?! - perguntou-me como se a resposta fosse bastante óbvia.
- Ai Daniela não sei... Se calhar eu estou a exagerar. Foi só um beijo! - disse e um leve sorriso apareceu-me no rosto ao lembrar-me novamente do nosso beijo.
- Para ser sincera eu acho que estás a ficar apaixonada e não queres admitir! - afirmou sorridente.
- Porque ficaste assim tão feliz? - perguntei curiosa.
- Porque acho que estás a ficar apaixonada pelo David! E ele parece-me ser o homem ideal para ti e eu também acho que ele gosta de ti! - afirmou com um grande sorriso.
- Só dizes disparates. - ri-me levemente.
- Só digo verdades! Mas agora responde-lá a minha pergunta. - pediu-me com um sorriso maroto.
- Qual pergunta?
- Ele beija bem? - perguntou e riu-se ligeiramente.
Eu fiz uma cara séria pois queria fazer um certo mistério. Levantei-me do sofá e agarrei na minha mala que estava no chão. Segui caminho para o meu quarto e reparei que a Daniela seguia-me com os olhos com uma expressão confusa. Quando estava a meio do caminho não resisti e voltei atrás.
- Ele beija maravilhosamente bem! - afimei com um grande sorriso e a Daniela soltou uma gargalhada.
- Estás mesmo a ficar apanhadinha!
- Cala-te! - virei-lhe costas e fui para o meu quarto.
Entrei para o quarto e fui tomar um banho quentinho e demorado, estava a mesmo a precisar. Saí do banho e fui me vestir. Resolvi vestir já o pijama pois não ia sair de casa. Calçei umas pantufas e saí do quarto à procura da Daniela que estava na cozinha a preparar o jantar e eu fui ajudá-la.
- Ó feia, vamos ver o jogo no sábado não vamos? - perguntou-me sorrindo.
- Não sei se vou. - disse meio a medo.
A verdade é que não sabia como reagir perto do David depois do que aconteceu.
- Não percebes que eu fiz um pergunta retórica? É claro que nós vamos ver o jogo e sem discussões! - afirmou decidida.
- Tu és mesmo chata! - disse amuada.
- Sou chata, mas sou bonita! - afimou com um ar convencida e eu ri-me - E vê as coisas pelo lado positivo... Nós vamos ganhar e depois vamos comemorar, e tu e o David podiam aproveitar para namorar! Olha até rimei... - disse rindo-se e eu não resisti e ri-me também.
- Quem rima sem querer, ama sem saber! E tu cada vez me dás mais certezas de que amas o menino Ruben Amorim! - disse a provocá-la.
- Cala-te! - ordenou-me envergonhada.
Continuámos a fazer o jantar entre picardias e risadas e de seguida comemos.
- Bem, agora tu arrumas a cozinha. - disse-me levantando-se e rindo-se ligeiramente.
- Só vou fazer isso porque eu sou simpática.
- Ó sim muito simpática! - disse ironicamente gozando comigo - Eu agora vou tomar um banho.
- E depois vamos ver um filme, vou fazer pipoquinhas. - disse num tom aliciante.
- Era mesmo isso que eu queria. - disse e sorriu - Vá agora arruma enquanto eu vou tomar banho. - disse pondo-me a lingua de fora e saiu da cozinha.
Fui arrumar a cozinha e pus a loiça na máquina. De seguida fui até à varanda e pus-me a olhar para o horizonte, e imediatamente a imagem do David veio à minha cabeça. Lembrei-me do primeiro dia que o vi a sair dos balneários, lembrei-me do nosso jantar, do nosso passeio na praia. Lembrei-me da pessoa maravilhosa que eu descobri que ele é e lembrei-me do nosso beijo. E que beijo... Essa é uma lembrança que eu acho que nunca vou esquecer. Apesar de eu estar confusa com tudo isso também estou feliz. O beijo mexeu realmente comigo... Não sei como mas o David mexe comigo. Acho que ainda sinto o sabor dos lábios dele nos meus.
Continuei a pensar no David e em como ele era perfeito, até que acordei para a vida e fui fazer as pipocas para vermos o filme. Fiz as pipocas e a Daniela já estava a reclamar que eu estava a demorar. Fomos para a sala e decidimos ver uma comédia. Fartamo-nos de rir com o filme. Quando acabou fomos nos deitar, e eu atirei-me logo para a cama. Precisava de uma boa noite de sono. Mas o David veio-me novamente à cabeça, impedindo-me de adormecer, e com ele veio uma vontade louca de sentir novamente os lábios dele nos meus...