sábado, 18 de junho de 2011

Capitulo 17 - A senhora é que manda!

Acordei cedo e sem a mínima vontade de ficar na cama. Levantei-me e fui até à casa de banho tomar um longo e relaxante banho. A verdade é que não queria que a minha cabeça fosse invadida por pensamentos confusos, com o nome "David Luiz". Não percebo o que se anda a passar comigo... Eu mal o conheço e ele não sai da minha cabeça. Saí da banheira e enrolei-me numa toalha e dirigi-me para o meu quarto. Passei um creme hidratante pelo meu corpo e escolhi uma roupa simples e fresca. Sequei ligeiramente os meus cabelos e depois prendi-os num "rabo de cavalo" alto. Calcei uns chinelos e dirigi-me até à cozinha para comer qualquer coisa. Fiz algumas torradas, enchi um copo com leite e dirigi-me para a sala, para tomar o meu pequeno almoço. Liguei a televisão na MTV e comecei a comer.
Quando acabei, levei a loiça para a cozinha e lavei-a mesmo à mão, pois era pouca. Voltei para a sala e deitei-me confortavelmente no sofá. Fechei os olhos e veio-me novamente à cabeça o David. Lembrei-me de todos os momentos que eu tive com ele, foram poucos mas foram fantásticos. Lembrei-me daquele sorriso de menino que só ele tinha e que me deixava completamente deliciada. Lembrei-me daqueles caracóis perfeitos e daqueles olhinhos lindos. Lembrei-me do nosso beijo. Na verdade eu não consigo esquecer aquele beijo. Não sei exactamente quanto tempo fiquei perdida em pensamentos, mas só saí daquele transe quando ouvi a voz da Daniela. Abri os olhos e levantei-me do sofá, ficando de frente para ela.
- Ai a minha cabeça. - queixou-se com a mão na mesma.
- Bom dia! - cumprimentei-a, achando graça à figura dela.
- Fala baixo miúda. Não vês que eu estou a morrer?!
- Bebesses menos! - afirmei rindo.
- Eu não bebi assim tanto ... - disse com uma voz baixa.
- Não, não. - ironizei - Até pediste ao David para te ensinar a sambar. - disse a rir-me.
- A sério?! Sou tão estupida. - martirizou-se e eu ri-me. - Mas eu fiz muitas figuras?
- Só fizeste figuras! - disse soltando uma gargalhada.
- Que vergonha... Mas sabes com'é que eu fico quando bebo demais. - disse baixo e eu não resistir e ri - Ai a minha cabeça, vai explodir... - queixou-se novamente.
- Da próxima vez bebes menos! E vai lá tomar um banho quentinho, que eu vou fazer-te o pequeno almoço e vou arranjar-te um comprimido para ver se essa dor de cabeça passa. - sorri.
- Ok, obrigada. És uma querida! - disse com um leve sorriso.
- Eu sei, o que seria de ti sem mim... - gabei-me e ela riu-se levemente e foi tomar o seu banho e eu fui até a cozinha prepara-lhe o pequeno almoço.
Eu e a Daniela sempre fomos bastante brincalhonas uma com a outra mas sempre preocupadas. Nós conhecemo-nos desde pequeninas e sempre fomos mais que amigas. Ela é aquela irmã que eu nunca tive mas que sempre sonhei ter, e apesar dela ser mais velha, eu sempre tento protegê-la e cuidar dela. Ela às vezes é um pouco maluca, mas uma das melhores pessoas que eu conheço. Eu fazia de tudo para a ver feliz, porque ela merece. Mas eu queria mesmo é que ela admitisse o que sente pelo Rúben. Eles gostam um do outro e isso toda a gente já percebeu, e talvez na festa surpresa que o Rúben está-lhe a preparar, seria mais fácil de admitirem.
Preparei-lhe uma sandes e fiz-lhe um sumo de laranja. Peguei numa aspirina e não demorou muito até ela chegar à cozinha, com os cabelos molhados.
- Não vais secar o cabelo? - perguntei a sorrir.
- Não, o barulho do secador só vai piorar a minha dor de cabeça. - disse com um ar sério e eu ri-me.
- Então vá come, e toma esse comprimido. - dei-lhe o remédio para a mão.
- Obrigada. - sorriu. - Então estás preparada para o primeiro dia de aulas na faculdade amanhã? - perguntou e logo de seguida deu um gole no sumo que lhe preparei.
- Acho que sim. Estou é um pouco ansiosa.
- Oh, vais ver que vais adorar. - afirmou sorrindo.
- Pois, espero que sim...
- E ontem falaste com o David? - perguntou-me curiosa.
- Eu não tenho nada para falar com o David. - disse um pouco irritada.
- Bia, vocês beijaram-se, é claro que têm que falar.
- Não temos nada... - entretanto ouvi o toque do telemóvel dela. - E vai lá atender o teu telemóvel. - ordenei-lhe um pouco impaciente.
 Agradeci mentalmente a Deus pelo telemóvel dela estar a tocar naquele o momento, pois não queria nada ter aquela conversa com ela. Ela levantou-se rapidamente e foi até ao seu quarto, e ouvi-a a atender o telemóvel. Dirigi-me para a sala e sentei-me no sofá e pouco tempo depois ela chegou, ainda a falar ao telemóvel, com um sorrisinho parvo no rosto. Pelo que eu percebi ela estava a falar com o Rúben. A Daniela ficou algum tempo a falar, mas eu não estava a prestar muita atenção na conversa. Estava mais atenta no que estava a dar na televisão. Depois dela desligar, estava com um grande sorriso nos lábios.
- Quem era? - perguntei curiosa.
- Era o Rúben. - disse tentando mostrar indiferença, mas não conseguiu.
- E o que ele queria?
- Saber se eu estava bem... - respondeu com um sorriso parvo no rosto.
- Oh que fofo... 'tava preocupadinho. - gozei forçando uma voz melosa.
- Ah cala-te! - atirou-me com uma almofada.
- Olha aí. - reclamei e ela soltou uma gargalhada.
Ficámos na sala a falar e a resmungar uma com a outra. A Daniela é muito engraçada e quando está de ressaca consegue ser mais ainda. O tempo passou a correr e quando demos por nós já eram 14:00 horas e nós ainda não tínhamos almoçado, e para variar estávamos a morrer de fome. Resolvemos pedir uma pizza, pois era mais rápido e nenhuma de nós queria cozinhar.
- Ó feia, não queres ver um filme? - perguntou enquanto limpava a boca num guardanapo.
- Qual? - questionei, mas já fazia uma pequena ideia de qual filme ela iria escolher.
- Marley e eu. - respondeu com um grande sorriso, pois ela adora mesmo o filme.
- Não te cansas de ver esse filme?! - disse a rir-me.
- Não! - respondeu convicta - Vou pôr. - sorriu e dirigiu-se para o móvel onde ficavam os DVD's.
Eu levantei-me do sofá, agarrei na caixa da pizza, já vazia, e nos copos e levei para cozinha. Pus a caixa no lixo e enquanto lavava rapidamente a loiça, ouvi a Daniela gritar.
- Anda logo, já começou!
Ri-me e acabei de lavar a pouca loiça que havia, e dirigi-me novamente para a sala.
- Tu és mesmo parva! - acabei por dizer, pois a Daniela conseguia fazer tudo de uma maneira engraçada.
- Vá, senta-te rápido - pediu impaciente.
Sentei-me e ela deitou-se com a cabeça no meu colo.
- Esse cão é tão fofo. - disse-me com um sorriso babado.
Ri-me e enquanto víamos o filme fazia-lhe um carinho na cabeça, e pouco tempo depois a Daniela acabou por adormecer. Eu continuei a ver o filme mas fui interrompida pelo som do meu telemóvel a tocar. Levantei-me calmamente para não acordar a Daniela, pus-lhe uma almofada por baixo da cabeça dele, e despachei-me a ir atender. Ainda bem que a Daniela tem um sono pesado, senão já tinha acordado e começado a atrofiar. Vi no visor do telemóvel um numero que não conhecia, e atendi finalmente.
- Estou? Quem fala?
- Olá Bia, sou eu, o Rúben.
- Olá Rúben! - cumprimentei-o a sorrir e lembrei-me que ele tinha dito que iria pedir ao David o meu número para podemos tratar dos premonores da festa surpresa da Daniela.
- Então tudo bem? - perguntou-me educadamente.
- Sim e contigo?
- Também. Olha, podes vir aqui a casa para bebemos um café e tratarmos de algumas coisa para a festa da Dani? É que só temos uma semana e há muita coisa para tratar e preciso da tua ajuda.
- Claro que sim. Vou aproveitar que ela está a dormir e vou aí ter.
- Óptimo. Fico à tua espera então.
- Eu não me demoro. Xau!
- Ah Bia, só mais uma coisa. - disse rapidamente.
- Diz...
- O David 'tá a mandar-te beijinhos. - disse a rir-se.
- Beijinhos, Rúben! - disse a despachá-lo e desliguei.
Fui rapidamente mudar de roupa, agarrei na minha mala e saí do quarto. Quando passei pela sala, desliguei a televisão e saí de casa cuidadosamente para não fazer barulho, pois se a Daniela acordasse ia querer saber onde eu ia e eu não lhe sei mentir. Fechei a porta e o David veio-me à minha cabeça: Será que o David ia lá estar? Tentei não pensar nisso, entrei no meu carro e conduzi até à casa do Ruben. Quando cheguei, estacionei o carro e saí. Toquei à campainha, e ouvi uma voz que era-me bastante familiar a gritar "eu vou". Não demorou muito até me abrirem a porta. Fiquei admirada quando vi à minha frente o David e ele estava mais lindo que o habitual, com aqueles caracóis caindo-lhe ligeiramente pela face.
- Oi. - cumprimentou-me com um leve sorriso.
- Olá David. - cumprimentei-lhe também.
- Tudo bom com você? - perguntou-me e ao mesmo tempo fez-me sinal para que eu entrasse.
- Sim e contigo? - respondi enquanto entrava dentro da casa do Ruben, e o David fechou a porta.
- Também... - respondeu-me, e o Ruben apareceu vindo da cozinha.
- Bia! - disse alegramente.
- Rúben! - disse no mesmo tom e o David riu-se.
- Há quanto tempo... - disse como se não me visse há uma eternidade.
- Sim, Ruben, desde ontem. - disse a rir-me.
- Ah pois foi . - riu-se também.
- Cara, 'cê é um babaca mesmo. - disse o David também a rir-se.
- Ah, cala-te ó cara de cú. Pela maneira que tu falaste dela hoje, parecia que tu não a vias há semanas. - disse o Rúben com ar de gozo.
Fiquei constrangida pelo que o Rúben disse, e reparei que o David também, por isso tentei mudar logo de assunto.
- Bem e que tal pararmos de dizer parvoíces e vamos ao que interessa!
- A senhora é que manda! - assentiu o Ruben, sempre com o seu ar brincalhão.
 Dirigimo-nos todos para o sofá, sentámo-nos e começámos a conversar. Reparei que o David estava um pouco calado, pois normalmente ele fala bastante, mas tentei não ligar muito; tentei focar a minha atenção no que o Rúben dizia, mas não consegui... Eu sentia os olhos do David presos em mim. Mas passado algum tempo consegui prestar mais atenção, apesar de às vezes ainda me perder nos olhos do David.
- Precisamos de um DJ, para tratar da musica para animar o pessoal.
- Sim, mas quem? Eu não conheço nenhum DJ... - avisei-os.
- Pois, eu também não. Fazemos assim: amanhã eu vou tratar do bufett e tu e o David vão até àquela discoteca que nós fomos da outra vez, e pedem lá uma lista de DJ's. Eles de certeza que vos irão dar e depois escolhem o que acharem melhor. - ordenou o Rúben com um sorriso matreiro no rosto.
Percebi que o Rúben só disse aquilo para que eu ficasse com o David, e eu estava com vontade de o esganar. Mas até nem era mau tratar disso com o David.
- Por mim, tudo bem. - disse ainda com uma pequena dúvida a pairar na minha cabeça, mas não a deixei transparecer.
- Por mim também. A gente pode ir lá a que horas? - perguntou olhando para mim.
- Pois... Amanhã é o meu primeiro dia de faculdade, por isso só estou despachada ao final da tarde.
- Eu também vou ter treino. Posso te pegar em casa às 19:00 horas? - perguntou receoso.
- Sim, podes. - disse timidamente e o David sorriu.
- Espero que amanhã se portem com juízo, meninos. - disse o Rúben a gozar e o David deu-lhe uma leve chapada na cabeça e eu ri-me - Olha aí, caracoleta de um raio ! - reclamou.
Continuámos a falar e a tratar de mais alguns pormenores. Reparei que o David já estava mais alegre. Depois de algum tempo a falar, vi que estava a ficar tarde e então decidi ir embora. O David disse que também ia pois também já estava na hora dele. Despedimo-nos do Rúben e saímos os dois juntos da casa dele. Fizemos um curto caminho até ao meu carro em silêncio. Quando chegámos, o David acabou por quebrar o silêncio.
- Amanhã não esquece. Vou te buscar às sete.
- Eu não me esqueço. - sorri.
- Então, até amanhã. - despediu-se e deu-me um leve beijo no lado direito do meu rosto, o que me fez estremecer.
- Até amanhã David. - disse ainda um pouco atordoada.
Ele sorriu e virou-se e dirigiu-se até ao seu carro que estava um pouco mais afastado do meu. Entrei no meu e dirigi-me para casa, com o David sempre na minha cabeça.
- Como ele é lindo... - disse num sussurro e suspirei.
Quando cheguei em casa, a Daniela já estava acordada e queria saber onde eu fui. Fiquei sem saber o que dizer, mas acabei dizendo que tinha ido até ao centro comecial ver lojas, e antes que ela me fizesse mais perguntas fui para o meu quarto tomar banho.
Tomei um banho rápido, vesti o pijama e fiquei no meu quarto a pensar em tudo o que tinha acontecido na minha vida nos últimos tempos. Não conseguia mesmo parar de pensar no David. Passado algum tempo, a Daniela foi ao meu quarto chamar-me pois já era hora do jantar e ela tinha-o preparado. Comemos entre muita animação e, felizmente, a Daniela não falou mais no assunto de eu ter saído sem lhe dizer nada. De seguida ainda ficámos na sala a conversar, eu estava bastante ansiosa para o meu primeiro dia de aulas na faculdade. Depois de muita conversa fui-me deitar. Algo me dizia que o dia de amanhã iria ser mais longo do que eu imaginava... ou então não.

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