Capítulo 1 - Bem vinda à tua nova casa !

Estava há três horas no meu carro a caminho de Lisboa. É a melhor parte de ter feito 18 anos há quatro meses, ter tirado a carta de condução há um mês e ter uns pais fantásticos que me deram um carro de prenda.
Vivia em Aveiro com os meus pais mas agora vim para Lisboa estudar. Vou fazer a faculdade de psicologia e vou morar com a minha melhor amiga. Como ela é um ano mais velha que eu veio para Lisboa no ano passado, mas eu ainda tive de ficar por lá a acabar o 12º ano. Ela é o meu orgulho, admiro imenso a sua coragem de deixar tudo para trás e vir sozinha para Lisboa estudar. Estou cheia de saudades dela, nuca ficámos tanto tempo longe uma da outra, mas já as iamos matar.
Cheguei finalmente à porta do prédio dela, estacionei o carro e saí. Tirei as minhas três malas de dentro da bagageira. Realmente tinha trazido imensas coisas. Toquei à campainha e ouvia pelo intercomunicador.
- Quem é?
- Sou eu, amor. - disse muito alegremente - Desce para me ajudares com as malas, é que trouxes imensas coisas. Já sabes como eu sou!
- Tou a descer. - disse também muito alegre.
Ela não demorou muito.
- Bia! Que saudades! - disse saltando para cima de mim.
- Podes crer. - abraçei-a.
- Então vamos subir. - disse-me soltando-se do abraço.
- Vamos.
Ela agarrou numa das malas e eu nas outras duas, e subimos pelo elevador. Estávamos muito contentes. Chegámos à porta de casa dela, que agora também era minha, e abriu a porta e entrou. Eu entrei atrás dela.
- Bem vinda à tua nova casa! - saudou-me sorrindo.
- Muito obrigada.
- Vamos lá conhecer o teu quarto. - disse seguindo para o meu quarto.
Segui atrás dela. Entrámos para o quarto e ele era extremamente grande para uma pessoa só. Aliás, a casa era extremamente grande para apenas duas pessoas. Pousámos as malas e sentámo-nos na minha nova cama.
- Então gostaste? - perguntou-me a sorrir.
- Adorei, só é um bocadinho grande.
- Oh cala-te, não é nada. Já tinha tantas saudades tuas! - disse com uma expressão engraçada.
- Eu também, meu amor. - disse dando-lhe um suave beijo no rosto.
- Então e novidades?
- Nada, sem ti aquilo não é nada interessante. - respondi fazendo uma cara parva.
- Ahahah eu sei, eu sei. - disse a gozar.
- Mas e aqui? O que andaste a fazer sem mim? - perguntei com um grande sorriso.
- Nem queiras saber. Tanta coisa... - disse com um brilhozinho nos olhos.
- Já vi que são coisas boas. Conta tudo!
- Então... Bem, eu conheci uma pessoa muito especial.
- Ai, espera... Aquele tal Ruben? - perguntei admirada, pois a Daniela não era pessoa de se apaixonar rapidamente.
- Sim esse mesmo. - fez um grande sorriso.
- Então tenho de conhecer esse rapaz que te faz ficar assim. - soltei uma gargalhada.
- Oh, não. Nós somos só melhores amigos.
- Mesmo assim quero conhecê-lo.
- Então amanhã podias vir ver comigo o jogo do benfica. Assim vais vê-lo de certeza.
- Ele também vai?
- Claro, ele joga no benfica.
Não estava nada à espera daquilo, a última coisa que me passaria pela cabeça é que ela conhecia um jogador de futebol!
- Espera lá. O teu "melhor amigo" é o Ruben? Aquele Ruben que joga no benfica?! - perguntei muito confusa.
- Yá, esse mesmo. O Ruben Amorim! - soltou um suspiro.
- Deves 'tar a gozar. Que fixe!
- É, mas não é por ele jogar no benfica que eu sou amiga dele. Ele é... Mesmo simpático, e super querido. - disse com uma voz meiga.
- Sim, estou a ver que sim. Mas como é que vocês se conheceram?
- Fui ver um jogo do benfica com uns amigos meus da falculdade e um deles conhecia o Ruben e depois olha, nós conhecemo-nos. - disse fazendo um sorriso um pouco parvo.
- Ahahah, 'tas mesmo apanhadinha, que sorrisinho mais parvo. - gozei com ela.
- Não tou nada somos só amigos e vamos continuar assim - disse com uma voz um pouco triste. - Mas ainda não me respondes-te, vens ver o jogo comigo amanhã? - mudou visivelmente de assunto.
- Yá pode ser. - disse já que não era assim tão fã de futebol como ela.
- E vamos ver dos camarotes. Ah e vou-te apresentar alguns jogadores que eu conheço - disse com um ar orgulhoso.
- Está bem, está bem. Se ficas feliz. - gozei com ela.
- 'Tá aqui uma miúda a querer que faças novos amigos, e tu és assim p'ra ela. 'Tá bem, tu é que sabes. - fez beicinho e eu soltei uma gargalhada.
- Pois sei. - levantei-me com uma cara mais séria - Vá, vem lá apresentar-me o resto da casa.
- Está bem. - fingiu-se amuada.
Saimos do quarto e ela mostrou-me o resto da casa. Como já era um pouco tarde fizemos o jantar entre risos e bricadeiras. Fogo como eu tinha saudades daqueles momentos com ela! Comemos e depois ficámos a ver um pouco de televisão. Mas como eu estava cansada da viagem fui-me deitar, precisava de recuperar forças. Adormeci sem imaginar que a minha vida ia mudar completamente.